Sem emprego e sem salário, povo deixa de comprar e de comer
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, divulgado na terça-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou uma variação de 0,09%, abaixo do resultado de fevereiro (0,32%). No acumulado do ano, a inflação medida pelo IPCA foi de 0,70%. “Tanto a variação mensal quanto o acumulado no ano representaram o menor nível para um mês de março desde a implantação do Plano Real”, diz o IBGE. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação foi de 2,68%, abaixo do piso (3%) do sistema de metas.
Ao contrário do que apregoa o governo Temer, a inflação é o resultado da economia na lona, com alto grau de ociosidade, desemprego em massa – 26 milhões de desempregados e subempregados -, aumento da informalidade e queda na renda. Conforme a PNAD Contínua, do IBGE, “No Brasil, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita foi de R$ 1.271 em 2017 e de R$ 1.285 em 2016. As regiões Norte (R$ 810) e Nordeste (R$ 808) apresentaram os menores valores e a Região Sul, o maior (R$ 1.567)”.
Em março, entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, transportes (-0,25%) e comunicação (-0,33%) apresentaram deflação. Já os demais grupos (alimentação e bebidas, artigos de residência, vestuário, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais e educação) tiveram alta variando de 0,05% a 0,48%.
Segundo o IBGE, “o maior impacto individual veio das frutas (5,32%), do grupo alimentação e bebidas que, após cair 0,33% em fevereiro, teve alta (0,07%) em março. Apesar da aceleração no preço das frutas, o grupamento dos alimentos para consumo no domicílio registrou deflação em março (-0,18%), menos intensa do que a de fevereiro (-0,61%). Os destaques nas quedas foram carnes (-1,18%), tomate (-5,31%) e frango inteiro (-2,85%). Já a alimentação fora acelerou de fevereiro (0,18%) para março (0,52%)”.
A inflação baixa como resultante da baixa atividade econômica é reconhecida até por economistas de bancos e consultorias, que apontam que a inflação vai ficar este ano abaixo do teto (6%) da meta.
Por outro lado, conforme reportagem do jornal Valor Econômico, com base em levantamento do Valor Data, “O baixo nível da inflação fica mais evidente quando os chamados monitorados são retirados da conta. São preços estabelecidos por contratos ou órgãos públicos e, portanto, menos sensíveis aos movimentos de oferta e demanda. Sem eles, a inflação dos preços livres acumulou nos 12 meses até março alta de apenas 1,26%, desacelerando de 1,41% em fevereiro”.