A oitiva do líder do governo na Câmara ficou inconclusa. Ricardo Barros compareceu à CPI na condição de convidado. Pelos conflitos que produziu na comissão vai comparecer, agora, como convocado
O vice-presidente da CPI da Covid-19, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em entrevista coletiva após o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD), encerrar, na quinta-feira (12), o depoimento do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que “a CPI atrapalhou um golpe de US$ 45 milhões que seria dado pela Precisa Medicamentos e pela sua intermediária”.
Ricardo Barros disse no depoimento que a CPI atrapalhou a vinda dos laboratórios de vacina para o país e prejudicou a vacinação. Pelos conflitos que produziu na comissão, o depoimento de Barros foi suspenso e agora ele terá que comparecer como convocado e não mais como convidado.
“O deputado Ricardo Barros tem razão em uma coisa: a CPI atrapalhou! A CPI atrapalhou um golpe de US$ 45 milhões que seria dado pela Precisa Medicamentos e pela sua intermediária. A CPI atrapalhou os negócios da Davati Medical Supply e da World Brands”, afirmou.
Randolfe ainda afirmou que é de uma “cara de pau enorme” afirmar que a comissão atrapalhou negociação de vacina quando se é negacionista.
“É uma cara de pau enorme aqueles que defendem imunidade de rebanho, negaram vacinas… vierem aqui, falar, sobre vacinas?”, perguntou. “Nós defendemos as vacinas Pfizer, Astrazeneca, CoronaVac… Todas”, concluiu.
BARROS FOI À CPI PARA CONFRONTÁ-LA
O senador Omar Aziz suspendeu, pela terceira vez e em definitivo, o depoimento do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Agora, Barros vai ser convocado pela CPI. Como tal não poderá mentir, nem tampouco confrontar o colegiado, como fez na quinta-feira.
A decisão pelo encerramento da reunião aconteceu após o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentar questão de ordem em que sugeria que a reunião fosse encerrada, e Ricardo Barros prestasse novo depoimento, agora na condição de convocado.
Há diferenças entre convite e convocação: os convidados podem recusar o chamado da comissão; para os convocados a presença é obrigatória. Na condição de convidado ele não tem compromisso de dizer a verdade. Como convocado, é obrigado a não mentir, sob pena de ser preso.
ENTENDA O QUE OCORREU
O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que é líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, depunha à CPI no Senado.
Após relato do também parlamentar, Luis Miranda (DEM-DF), Barros foi acusado de estar envolvido no esquema de propina para a compra da vacina indiana Covaxin.
Ricardo Barros foi ministro da Saúde durante a gestão de Michel Temer (MDB). O nome dele teria sido mencionado por Bolsonaro, ao descobrir esquema de corrupção na pasta, segundo apontou Luis Miranda em depoimento à CPI no final de junho.
Aos senadores, Miranda disse que o presidente da República tinha a desconfiança da atuação do deputado em torno das pressões no Ministério da Saúde em favor da vacina da empresa indiana Bharat Biotech.
O pedido para convocar Barros partiu de Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Originalmente, a ideia era ouvi-lo antes do recesso parlamentar de julho. Os adiamentos do depoimento geraram a irritação do líder de Bolsonaro na Câmara, que chegou a acionar o STF (Supremo Tribunal Federal). Ele teve os sigilos telefônico, bancário, fiscal e telemático quebrados na semana passada.
Além do envolvimento no esquema de corrupções, os senadores também buscam esclarecer a relação de Barros com Francisco Maximiano, proprietário da Precisa Medicamentos, que teria intermediado a venda de vacinas da Covaxin para o Ministério da Saúde.
M. V.