
Faleceu nesta sexta-feira (13), aos 87 anos, o líder das Ligas Agrárias Cristãs do Paraguai, Jose Gil Ojeda Feldkamp, linha de frente na luta contra o ditador Alfredo Stroessner, no bom combate pela libertação dos camponeses de Curuguaty, pela reforma agrária e contra o indecente latifúndio.
Foi delegado dos metalúrgicos em Buenos Aires no começo dos anos 60 e trabalhou nas teles – de onde foi expulso por “comunista” – até chegar a liderança das Ligas do Paraguai de 1970 a 1976. Preso de 1976 a 1979, exilado na Bolívia de 1979 a 1985, e no Brasil de 1985 até 1990, protegido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Participou de encontros, cursos e seminários na Venezuela, na Colômbia e em Cuba, onde esteve várias vezes. Comprometido com seu povo, foi detido em inúmeras oportunidades – numa delas ficando encarcerado e torturado por três anos.
Com vasto conhecimento acumulado, foi professor, médico naturista e um férreo defensor da natureza. “O agronegócio vai contaminando a nossa terra, contagiando o ar, apodrecendo os rios. Se impõe defender o meio ambiente, a nossa pátria e a nossa nação”, ensinava Jose Gil, que deixa um vazio imenso na trincheira.
IMENSA PERDA
“Sinto uma tristeza imensa. Conheci Jose Gil na prisão de segurança máxima de Emboscada. Companheiro solidário, coerente, sonhador e patriota. Um exemplo de humildade, um sábio conselheiro, um amigo! Foi um dos últimos a sair da prisão, após uma longa greve. Até sempre, companheiro! Voltaremos a nos encontrar. Graças por tua vida”, declarou Guillermina Kanonnikoff. Ex-presa política da ditadura de Alfredo Stroessner, Guillermina teve seu marido, o professor Mario Raul Scharer Prono, de 23 anos, assassinado após 24 horas de intensas torturas, em 6 de abril de 1976, e desde então é uma referência do povo paraguaio na luta por justiça e igualdade. Durante a campanha de solidariedade aos camponeses de Curuguaty, lembra a combatente, Dom Jose foi um dos imprescindíveis.
“Um lutador não se aposenta. Um lutador morre na trincheira”, homenageou a renomada historiadora e professora universitária Margarita Durán Estrago, para quem “Jose Gil Ojeda é uma fortaleza cristã para a sua família exemplar”. “Companheiro das Ligas Agrárias Cristãs sofreu a pressão, a tortura, o campo de concentração de Emboscada, o exílio e quando pôde voltar, seguiu sua caminhada até o final”, acrescentou.
Conhecedor do português, coordenava o projeto de tradução para o espanhol do livro “Curuguaty – o combate paraguaio por Terra, Justiça e Liberdade”, do jornalista Wexell Severo, da Hora do Povo.
Deixa 12 filhos, 23 netos e 13 bisnetos.
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