
A ex-deputada Flordelis foi presa no início da noite desta sexta-feira, 13, dentro de casa, em Niterói (RJ). Ela foi encaminhada para a Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. Na sequência, ela vai ao IML (Instituto Médico-Legal) e depois será enviada ao presídio de Benfica. Apoiadora de Bolsonaro, a pastora Flordelis teve seu mandato cassado pela Câmara nos Deputados na quarta-feira (11) por quebra do decoro parlamentar.
A Justiça do Rio de Janeiro acatou o pedido feito pelo Ministério Público do estado e decretou a prisão preventiva. Ela é acusada de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo. O crime ocorreu em junho de 2019, em Niterói.
Antes de ser levada pela polícia, Flordelis chegou a fazer uma live em que pede para seus fãs fazerem uma corrente de oração.
“Façam uma corrente de oração a meu favor. Tenham convicção de que eu não cometi crime algum. Eu sou inocente. Haja o que houver, aconteça o que acontecer. Ainda que me levem para uma prisão, lá na prisão eu serei adoradora [de Deus]. Para quê, eu ainda não sei. Mas ele [Deus] está me levando para lá [prisão]”, disse ela.
A prisão preventiva de Flordelis foi decretada pela juíza Nearis dos Santos Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, dois anos e dois meses depois do crime. A decisão da Justiça saiu poucas horas depois do pedido do Ministério Público.
No pedido de prisão, o MP afirma que Flordelis atrapalhou as investigações sobre o caso, orientou réus e testemunhas e escondeu e eliminou provas importantes — como quando determinou que fossem queimadas as roupas do ex-marido.
“Mostra-se essencial para a garantia da ordem pública, da eventual aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal, afastando, assim, novas possíveis tentativas de obstrução da Justiça, e possibilitando a busca da verdade real de forma escorreita”, diz a decisão da juíza Nearis dos Santos.
Ela também está proibida de ter contato com qualquer um dos outros acusados e, por conta disso, ela será encaminhada a uma unidade prisional diferente.
Segundo a magistrada, a ex-deputada responderá por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), tentativa de homicídio, uso de documento falso e associação criminosa armada.
Cassação
A prisão da pastora Flordelis foi determinada dois dias depois dela ter seu mandato cassado e, portanto, perder a imunidade parlamentar. Segundo a Comissão de Ética da Câmara a bolsonarista quebrou o decoro parlamentar ao utilizar do seu mandato para intimidar testemunhas que pudessem confirmar o seu envolvimento no assassinato do marido.
Antes da votação pela cassação do mandato, Flordelis alegou ser inocente no plenário da Câmara e pediu para ser julgada “pelo povo”.
“Eu não posso e não devo pagar pelos erros de ninguém”, declarou. “Quando o Tribunal do Júri me absolver, vocês vão se arrepender de ter cassado uma pessoa que não foi julgada”.
O relator do caso, deputado Alexandre Leite (DEM-SP) afirmou que Flordelis cometeu quatro condutas passíveis de punição pelo Código de Ética da Câmara, incluindo a manipulação e falseamento dos fatos e a tentativa de transferência de responsabilidade do crime para os filhos da deputada.
Leite aponta ainda que, de acordo com a investigação policial, Flordelis afirmou ao filho Lucas, apontado como o executor do crime, que poderia ajudá-lo por sua influência enquanto parlamentar. Além disso, segundo o relator, a deputada tentou obstruir as investigações policiais com a teoria de que o crime seria resultado de latrocínio.