Com a participação de 3 mil delegados de todo o país, o Congresso da CTB, depois de discutir o plano de lutas em que decidiu como palavra de ordem principal “Fora Bolsonaro”, entrou em seu terceiro e decisivo dia. Foi consagrada a unificação, pela primeira vez no país, de duas centrais sindicais: CTB e CGTB. Adilson Araújo, bancário da Bahia, foi reeleito presidente; Ronaldo Leite do Rio de Janeiro, dos Correios, é o novo secretário-geral; Bira, até então presidente da CGTB, foi eleito vice-presidente. Com 73 integrantes, a Executiva Nacional tem 38 mulheres.
Nivaldo Santana, secretário de relações internacionais da CTB, foi o mestre de cerimônias do ponto alto do Congresso, a sessão que consagrou a unificação das duas centrais. Para Nivaldo, “a grande bandeira, a grande novidade deste V Congresso, sem dúvida nenhuma, é a unificação CTB e CGTB”. Segundo o sindicalista, com essa unificação “a CTB adquire musculatura e se torna uma central muito mais representativa. Estará mais capacitada e qualificada para exercer um grande protagonismo político, para fortalecer a unidade das centrais e a unidade de amplos setores políticos e sociais que não querem continuar sob o julgo do governo de extrema-direita do Bolsonaro. E concluiu: “Nós precisamos de um governo de reconstrução nacional, que retome um projeto nacional de desenvolvimento, com valorização do trabalho e geração de emprego e direitos, mas a deliberação essencial desse V Congresso é unificação da CTB com a CGTB”.
Adilson Araújo, presidente da central, falou para Bira em sua intervenção: “Você incorporou a alma e o espirito da CTB, a defesa do sindicalismo forte da unicidade sindical. Certamente, se o modelo sindical brasileiro fosse o pluralismo sindical, não teríamos a possibilidade de eleger Lula, um metalúrgico, para presidente”.
Para Araújo, “o Brasil, que alcançou o patamar chinês nas décadas de 30 a 80, foi muito motivado pela coragem e pela ambição de Getúlio Vargas. Getúlio planificou a base para o nacional-desenvolvimentismo”. Adilson afirmou que “está nítida a opção desse presidente (Bolsonaro) para transformar, em pleno século XXI, a nossa classe trabalhadora, em uma classe trabalhadora escravizada, subordinada à uberização do trabalho, com trabalho precário, degradante”. E indignado, declarou: “O diabo dessa PEC 32 é para acabar com a assistência social, com seguro social para saúde. É para aniquilar a educação pública, é para acabar com o serviço público. E o que seria da nossa nação sem o serviço público?”. Adilson convocou a classe trabalhadora a uma nova conferência nacional (Conclat) “para atualizarmos a agenda política. Nós precisamos apresentar um programa de restauração do país, porque está muito claro que esse sistema capitalista excludente e marginal não apresenta nenhuma perspectiva de melhora”.
Bira, presidente da CGTB, fez um discurso que emocionou os presentes: “Nós nascemos como uma central anti-imperialista, nacionalista e que defendeu, e defende até hoje, o legado do saudoso presidente Getúlio Vargas. Vamos lembrar daquele momento importante que ele saiu da vida para entrar na história. Aplicou uma política nacional de desenvolvimento baseada nas próprias forças brasileiras, com investimento público, investimento em ciência e tecnologia e ajudando o povo brasileiro com seus direitos, com suas aposentadorias. Tentaram dar um golpe. Getúlio saiu da vida para entrar na história e impediu que esse golpe fosse concretizado”.
Para Bira “a nossa Pátria está numa situação trágica. A fome está entrando na casa de cada um desses companheiros, está entrando pesado. Uma criança com fome é uma tristeza desgraçada. Um trabalhador chegar em casa, o filho pedir um pão e ele não ter nada para dar, é de cortar o coração. Vamos unificar todos aqueles sendo contra o Bolsonaro. A nossa CTB, sob o comando do nosso companheiro Adilson, vai nos levar a um Brasil livre e soberano. O Brasil vai ser democrático e nós vamos chegar na sociedade mais justa que é o socialismo, com plena independência econômica. Não tem socialismo sem independência nacional”.
Alberto Broch, vice-presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), aplaudiu a unificação: “É um dia histórico. A unificação da CGTB com a CTB está no DNA da nossa central, especialmente o simbolismo que representa nesse momento. Pessoalmente, eu tenho a honra de conviver com nosso companheiro Bira, especialmente na luta do Conseg (Conselho Nacional de Segurança Alimentar). O Brasil deu grandes avanços na segurança alimentar e, na época, tirou nosso país do mapa da fome”.
Vicente Selistre, presidente do Sindicato de Sapateiros de Campo Bom, representando a Corrente Sindical Socialista, e Raimunda Gomes, a Doquinha, da área de Educação da executiva da Central, também saudaram com entusiasmo a união: “Seremos uma única central, uma central forte e aguerrida, onde homens e mulheres marcham lado a lado, manados em uma só defesa, a defesa da nação, a defesa da democracia, por um Brasil justo, soberano e igualitário”, afirmou Doquinha.
Já para Vicente, “há muitos anos, a nossa corrente do Partido Socialista Brasileiro já reunia com o companheiro Bira em Brasília. Demos apoio integral da coordenação nacional da nossa corrente por esta unificação. A CGTB é uma das principais, mais firmes e coerentes centrais, da história do movimento sindical. Estamos dando uma mensagem ao movimento sindical brasileiro que o caminho a seguir é a unidade”.
FORA BOLSONARO
Maria Pimentel, até então relações internacionais da CGTB, durante os debates afirmou: “estamos unificando duas centrais que nasceram juntas na resistência à ditadura, na defesa da unicidade sindical na criação da CGT, presidida pelo saudoso Joaquinzão. Estava ainda nessa luta nosso querido companheiro Wagner Gomes, e nosso querido companheiro Lindolfo, que não pôde comparecer a esse Congresso, por motivos de saúde. O movimento sindical hoje resiste como pode. Bolsonaro acaba de aumentar o preço do gás e dos combustíveis para distribuir mais dividendos para os estrangeiros. Enquanto isso, a inflação dos alimentos dispara aceleradamente”.
“Demos o primeiro passo e, como segundo, devíamos avançar na unidade de ação dos que defendem a unicidade sindical e se dispõem a discutir um projeto de reorganização sindical e de recuperação dos direitos garantidos que foram consagrados pela Constituição de 88”, afirmou.
Carlos Mulle, presidente da CONTTMAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Aquaviários e Aéreos), destacou que “a unicidade sindical é um princípio que nos une na central. Essa riqueza de diversidade de visões possibilita a nossa atuação conjunta, independente de sermos marítimos, rurais, socialistas ou comunistas. Em momentos adversos, é com sindicatos, federações e confederações de bases fortes e representativas que teremos chances efetivas de organizar a luta coletiva. Em tempos difíceis temos que organizar a resistência. Não devemos abrir mão das conquistas sociais alcançadas com árduas lutas ao longo do tempo, que não começaram conosco, e que temos por vocação lutar para que não terminem com a nossa geração”.
CARLOS ALBERTO PEREIRA
eis a diferença entre a classe politica e os trabalhadores. os politicos e poderosos colocam seus interesses comuns acima de qualquer divergencia, já a classe trabalhadora briga e se divide por disputa de poder, mas parece que estão chegando á conclusão de que divisão só interessa aos poderosos e políticos profissionais, acorda peão!!!