“A economia apresentou retração de 0,3% no segundo trimestre comparado ao primeiro, evidenciando que houve certo otimismo com o resultado do primeiro trimestre, mostrando que ainda há um longo caminho para a retomada mais robusta da economia”, declarou Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV
A economia do país registrou queda de 0,3% no segundo trimestre de 2021 na comparação com o primeiro, registrou o Monitor do PIB, indicador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgada nesta terça-feira (17).
O Monitor, que analisa a atividade dos componentes do PIB (Produto Interno Bruto), confirma que não há qualquer indício de recuperação da economia – que, ao contrário, começa a sentir os efeitos da crise e de corte das medidas emergenciais para conter os estragos da pandemia.
“A economia apresentou retração de 0,3% no segundo trimestre comparado ao primeiro, evidenciando que houve certo otimismo com o resultado do primeiro trimestre, mostrando que ainda há um longo caminho para a retomada mais robusta da economia”, afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.
Em relação ao mesmo período de 2020, o segundo trimestre de 2021 registrou resultado positivo de 12,1% – resultado que, segundo o relatório da entidade, deve ser observado com cautela por conta da base de comparação deprimida.
“Esses resultados sugerem que as taxas ajustadas sazonalmente devem ser analisadas com cautela, pois a pandemia pode ter influenciado os fatores sazonais, não apenas por razões econômicas como também estatísticas”, diz a FGV.
Mesmo realizando os ajustes sazonais e retirando o efeito da pandemia – aplicando fatores de 2000 a 2019 comparados com o calculo que inclui 2020 e 2021 – o resultado seria de queda. Segundo a pesquisa, a variação do segundo trimestre em relação ao primeiro seria de queda de 0,32%.
O item de maior impacto para o recuo da atividade econômica, segundo a FGV, foi a redução de 2,2% na formação bruta de capital fixo (FBCF), que mede os investimentos em ativos fixos que podem aumentar a capacidade produtiva e da economia.
Confirmando os resultados desastrosos do PIB, dados setoriais como a produção industrial, serviços e varejo do trimestre também não são nada animadores. O volume de produção da indústria recuou 2,5% no segundo trimestre na comparação com os primeiros três meses do ano e ficou estagnada (0,0%) em junho. As vendas do varejo, apenas de saldo positivo no segundo trimestre, fecharam junho com queda de 1,2% em relação ao mês anterior. Ao que pese, o desemprego no país também se manteve em patamar recorde no segundo trimestre, atingindo 14,8 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dias antes da divulgação do relatório da FGV, o Banco Central apresentou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), considerado uma “prévia” do PIB. Apesar de o resultado ter sido positivo para o trimestre, também não foi nada animador, com variação de apenas 0,12% sobre os três primeiros meses de 2021.
Na ata do Comitê de Política Monetária (Copom) que aumentou o aperto monetário sobre o setor produtivo para 5,25% a taxa de juro (Selic), o Banco Central faz coro com o ministro Paulo Guedes – contra todos os setores ainda enfrentando as perdas da pandemia, o desemprego recorde, a queda na renda e a carestia – e diz que “contempla recuperação robusta do crescimento econômico“.