Método criminoso foi o mesmo usado por Steve Bannon e Donald Trump. “A intenção do grupo é fazer com que a pessoa que receba o conteúdo tenha uma primeira impressão duradoura do conteúdo sem compromisso com a verdade”, diz a PF, que pediu o bloqueio dos financiamentos
Relatório da Polícia Federal, enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirma que a milícia digital de Bolsonaro, empenhada em atacar as urnas eletrônicas e criar um clima propício para o golpe, se vale de uma estratégia de comunicação criminosa utilizada nas eleições de 2016 nos EUA e creditada a Steve Bannon, o ex-operador da Goldman Sachs que tornou-se marqueteiro de Donald Trump.
BANNON FOI PRESO EM 2020
Bannon, que foi preso em 2020 por fraude, desvio e lavagem de dinheiro nas obras de construção do muro na fronteira com o México, era, na verdade, apenas um funcionário do bilionário de extrema direita, Robert Mercer. Detalhes dessa ligação de Bannon e Mercer podem ser vistos na reportagem do HP de 2019, com o título “Vem à tona o esquema criminoso que fraudou a democracia brasileira”.
Mercer, que iniciou a carreira como engenheiro da IBM e levou para o mercado financeiro os algoritmos das plataformas digitais, criou fortuna com o novo método de manipulação de investidores ingênuos e desavisados.
Depois de tonar-se um bilionário, Robert Mercer e sua “fundação” passaram a abastecer regularmente com recursos milionários organizações fascistas nos EUA e no mundo. Entidades reacionárias recebem fortunas da Mercer Family Foundation.
Balanços de 2012 a 2015 desta fundação revelam alguns dos beneficiados do bilionário. A Heritage Foundation recebeu US$ 1,5 milhão. A Media Research Center, que, como Bolsonaro, denuncia a “influência” da esquerda na mídia, recebeu US$ 12 milhões. O Government Accountbility Institute, que aponta suposta corrupção sempre culpando os setores progressistas, recebeu US$ 4 milhões, e assim por diante.
Financiado pelo bilionário, Steve Bannon transformou-se numa espécie de guru da campanha de Donald Trump. Eles adquiriram a consultoria Cambridge Analityca, envolvida no escândalo do uso de dados de usuários do Facebook na campanha eleitoral, e comandavam o site Breitbart News, conhecido por disseminar desinformação. Este mesmo modelo, diz a Polícia Federal brasileira, teria sido empregado ainda nas eleições de 2018, quando Bolsonaro foi eleito.
BILI0NÁRIO FINANCIOU ESQUEMA CRIMINOSO
Os recursos milionários da campanha de Trump não entravam principalmente pela conta da campanha. O financiamento se deu de forma ilegal e oculta, por parte do comitê de apoio formado por empresários. Muito parecido com os apoios secretos dos donos da Havan, Localiza, e outros picaretas por aqui, na campanha de Bolsonaro. Até uma CPI foi aberta no Brasil para investigar o que passou a ser chamado de “Gabinete do Ódio”, uma das estruturas do esquema criminoso financiada por empresários golpistas.
Neste esquema, explica o relatório da polícia, múltiplos canais na internet procuram eliminar a figura dos intermediários formadores de opinião, desqualificar as posições contrárias e promover “ataque aos veículos tradicionais de difusão de informação (jornais, rádio, TV, etc)”. O objetivo é chegar ao público de forma “direta, horizontal, ao dissipar a distinção entre o que é informação e o que é opinião”.
“É um modelo exitoso de influência baseado na forma como os indivíduos percebem, aprendem, absorvem e difundem as informações que outros fornecem no processo de comunicação (psicologia cognitiva)”, diz a polícia no pedido enviado ao TSE para suspender pagamentos das redes sociais a canais que propagam mentiras.
PF: BOLSONARO IMITOU PRODUÇÃO DE MENTIRAS
Segundo a PF, duas investigações que miram Bolsonaro e seus apoiadores, a das fake news e a de organização criminosa oriunda do inquérito do atos antidemocráticos, apontam para idealizadores, produtores, difusores e financiadores de conteúdo utilizado para espalhar desinformação nos moldes vistos nos EUA. Essas pessoas e suas respectivas páginas, afirma a PF, formam uma rede de disseminação de notícias falsas ou “propositalmente apresentadas de forma parcial” que visa angariar “vantagens político-partidárias e/ou financeiras”.
“Identificou-se referida prática, convergente com o modo de agir aqui descrito, em relação à difusão de supostas fraudes no processo eleitoral com o emprego de urnas eletrônicas, tendo como figura central, neste caso específico, o Exmo. Sr. Presidente da República Jair Bolsonaro”, diz a PF.
O modo de atuação, acrescenta a PF, dá em um processo de “dupla sustentação” no qual os canais “que repercutem as insinuações ganham com o número de visualizações geradoras da monetização” e narrativa falsa sobre as irregularidades se fortalece “pela multiplicidade de canais que reiteram a mensagem”.
QUANTO MAIS AFRONTA, MELHOR
“Quanto mais polêmica e afrontosa às instituições for a mensagem, maior o impacto no número de visualizações e doações, reverberando na quantidade de canais e no alcance do maior número de pessoas, aumentando a polarização e gerando instabilidade por alimentar a suspeição do processo eleitoral, ao mesmo tempo que promove a antecipação da campanha de 2022”, afirma a PF.
A PF destacou, ainda, que as investigações relativas às fake news e aos atos antidemocráticos envolvem pessoas e financiadores de conteúdo utilizado para espalhar desinformação, assim como nos Estados Unidos. Essas pessoas, então, formam uma espécie de rede de disparo de notícias falsas. A intenção do grupo é fazer com que a pessoa que receba o conteúdo tenha uma “primeira impressão duradoura” do conteúdo “sem compromisso com a verdade”.
SÉRGIO CRUZ
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o Congresso, STF, TSE e CPI têm o DEVER Constitucional e Legal de impedirem que essa milicia digital bolsonarista, golpista, fascista e genocida transformem o Brasil numa Venezuela, o que já está acontecendo..