Como o farelo de soja e milho são destinados para a alimentação de bovinos, pesquisadores apontam que o impacto chegará também na produção pecuária, e logo para o consumidor. Muitas famílias já substituem a carne pelo frango ou pelo ovo
A falta de regulação e a política econômica dirigida para o mercado externo estão afetando a produção e distribuição de grãos, cujo aumento de preços já supera 70% para o mercado doméstico, contribuindo para a grave crise inflacionária do país.
As “commodities” mais importantes produzidas no Brasil, que há anos já compõem o grande negócio exportador brasileiro, tiveram altas nos preços expressivas no primeiro semestre de 2021, aponta análise do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea).
De acordo com a pesquisa, todos os produtos acompanhados pela pesquisa, com exceção da batata, na comparação entre o primeiro semestre deste ano e de 2020, tiveram alta a soja teve aumento de 78%, enquanto o milho teve variação de preços de 77% e, o algodão, de 75% para o mercado interno (valores em reais).
Como o farelo de soja e milho são destinados para a alimentação de bovinos, pesquisadores do Ipea apontam que o impacto chegará também na produção pecuária, e logo para o consumidor. Muitas famílias já substituem a carne pelo frango, pelo ovo, os que ainda podem comprar alguma carne.
“A alta observada nos grãos deve impactar os custos de produção da pecuária, o que pode influenciar negativamente a oferta dessas commodities e das proteínas animais no país”, considerou a pesquisadora associada do Ipea, Ana Cecília Kreter.
Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2021, houve alta no preço das proteínas: boi gordo (4,9%), carne suína (2,9%) e carne de frango (10,9%). Para o consumo, o que se viu foi um aumento de 32% em um ano nos preços da carne bovina e de quase 23% para o frango.
Já a produção do arroz, cujos preços do agropecuários subiram 55% no primeiro semestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado, agravou ainda mais a situação – especialmente por ser item fundamental do prato do brasileiro. O resultado disso no bolso e na mesa é medido pela inflação explosiva do preço do produto no último ano.
Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas aponta que comprar arroz ficou 37% mais caro em julho deste ano na comparação com um ano atrás. A cesta do prato feito, segundo a pesquisa, incluindo a “mistura” apresentou variação média de 22,57%.