A Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na quinta-feira (12), aponta que o volume de vendas em supermercados e de produtos alimentícios voltou a cair. Esse dado é um reflexo de que a população está deixando de consumir produtos de primeira necessidade, como alimentos, produtos de limpeza e de higiene pessoal, pressionada pelo desemprego e pelo achatamento da renda.
Em volume, as vendas de supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caíram 0,6% apenas na passagem de janeiro para fevereiro.
Por se tratar do setor com maior contribuição no comércio do país, o dado derrubou a variação mensal geral do varejo em -0,2% também na passagem de janeiro para fevereiro.
As vendas de tecidos, vestuário e calçados também tiveram queda expressiva de um mês para o outro: -1,7%. Artigos de uso pessoal e doméstico recuaram 0,8%; e, de combustíveis e lubrificantes – pressionado pelos altos preços nas bombas – caíram 1,4%.
Além do desemprego, o IBGE destaca o crescimento do mercado de trabalho informal – que tem impacto direto sobre a renda dos trabalhadores.
“Isso acontece porque temos uma recuperação do mercado de trabalho apoiada em ocupações informais, com menores rendimentos e benefícios limitados. Isso acaba influenciando o comércio também”, disse Isabella Nunes, gerente da pesquisa pelo Instituto.
Segundo a última pesquisa do IBGE, 23,1 milhões de brasileiros sem carteira assinada trabalhavam por conta própria como ambulantes ou prestando pequenos serviços. Soma-se a isso a contribuição do desemprego para achatamento da renda: segundo a PNAD, eram 13,1 milhoes em fevereiro.
Varejo ampliado
Os resultados também não são nada animadores para o chamado varejo ampliado – que inclui o comércio de automóveis e peças, além de material de construção. Neste caso, a variação mensal foi negativa em 0,1%.
PRISCILA CASALE