O novo ministro da Educação de Temer, Rossieli Soares negou que o corte de mais de R$ 80 milhões da verba de custeio da Universidade de Brasília, afete a estrutura da UnB. Segundo ele, o que falta para uma das principais universidades públicas do país é “eficiência”, para administrar o arrocho.
“Sim, é possível [funcionar com o orçamento atual]. A gente pode olhar para a Universidade do Rio de Janeiro, que é maior que a UnB e consegue fazer custeio com um valor muito menor, ainda”, declarou o temerista, após a sua cerimônia de posse, como se a UFRJ não estivesse em meio ao caos.
“Então, é preciso trabalhar também a eficiência, melhorar a qualidade do gasto. Temos plena certeza de que vai se concluir o ano normalmente”, disse o ministro, que assume após a saída de Mendonça Filho para disputar a eleição de outubro.
A declaração de Rossieli ocorria ao mesmo tempo em que dezenas de estudantes da UnB eram agredidos pela Polícia Militar em frente à sede do MEC. Eles protestavam contra a política de cortes e exigiam repactuação da verba da universidade.
Centenas de estudantes saíram do campus Darcy Ribeiro em direção à sede do MEC. O ato, que se iniciou pacífico, foi reprimido após os estudantes chegarem à Explanada dos Ministérios. Três estudantes foram detidos no protesto.
O MEC emitiu uma nota afirmando que o “discurso” da falta de verbas tem o objetivo de “gerar tumulto”.
No comunicado, intitulado “A verdade sobre a UnB“, o ministério afirma que a intenção da reitoria, que tem denunciado o arrocho realizado após a PEC 55 – que congela as verbas federais pelos próximos 20 anos, é de criar “um clima de insegurança para a comunidade acadêmica que quer estudar e trabalhar”.
UNB REBATE
Em nota, a UnB negou que a crise causada pela falta de verbas, com o risco de cancelamento de serviços como os de limpeza e segurança na instituição seja um problema “gestão”.
“As universidades públicas federais vêm enfrentando uma grave crise orçamentária e financeira, amplamente noticiada pelos canais de comunicação, em decorrência de cortes e contingenciamentos. No caso da UnB, para o exercício de 2018, estima-se que o déficit orçamentário seja de R$ 92 milhões”, diz a nota.
A UnB relata ainda que entre 2016 e 2018, “houve redução de recursos destinados à manutenção (limpeza, segurança, luz, água, refeições no Restaurante Universitário), que passaram de R$ 379 milhões, em 2016, para R$ 229 milhões em 2018. Somente dos recursos vindos do Ministério da Educação (MEC), houve redução de aproximadamente R$ 80 milhões para essa finalidade”.
“Com relação a recursos de investimento, houve uma redução do orçamento de R$ 62,151 milhões, em 2016, para R$ 28,211, em 2017, sem contabilizar emendas parlamentares. Somente da fonte Tesouro, os recursos caíram de R$ 47,151 milhões para R$ 8,211 milhões. Isso significa que o MEC, centralizou parte desses recursos em 2018, reduzindo a autonomia das universidades na decisão sobre investimentos”, aponta.
A reitoria relembra a falta de empenho por parte do MEC para solucionar a crise das universidades federais. “Diversas audiências com o MEC também foram realizadas para a solicitação de suplementação orçamentária à Universidade, sem que se tenha alcançado progressos até o momento”, destaca.