Suspeita-se que Ivanildo Silva teria feito depósitos em dinheiro e pagamentos em benefício do ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias
Registros em posse da CPI da Covid-19 no Senado, que se tornaram públicos por ampla divulgação da imprensa, mostram que Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy que sacou R$ 4,74 milhões em espécie da conta da transportadora VTCLog, esteve no Departamento de Logística do Ministério da Saúde, em 12 de julho de 2020.
Suspeita-se que Ivanildo Silva teria feito depósitos em dinheiro em benefício do ex-diretor do departamento, Roberto Ferreira Dias. Os documentos que comprovam a presença do motoboy foram obtidos pelo jornal O Globo.
Em julho de 2020, o departamento ainda era comandado por Dias. O ex-diretor é investigado pela CPI por suspeitas de irregularidades no ministério. Entre essas, a de ter recebido vantagem da Voetur, braço da VTCLog, por meio de viagens ou serviços.
À época, a área era comandada por Roberto Dias, investigado pela comissão de inquérito por suspeita de irregularidades na pasta.
Assim, a CPI vai fechando o cerco contra a VTCLog, empresa responsável pela distribuição de vacinas e de outros insumos pelo governo federal.
EXPLICAÇÕES E JUSTIFICATIVAS
Procurado, o advogado de Roberto Dias, Marcelo Jorge, disse que Ivanildo Silva é um dos funcionários que entregavam faturas da VTCLog no Ministério da Saúde, o que, segundo o advogado, justificaria a presença dele no local.
Ainda segundo o advogado, o sistema do Ministério da Saúde não permite o envio do documento por e-mail. Questionada, a pasta não se posicionou até o presente momento.
A VTCLog afirmou, por meio de nota, que “Ivanildo Gonçalves, como portador da empresa VTCLog, esteve presente no Ministério da Saúde apenas para entregar documentos”.
“Alguns documentos são enviados por e-mail, mas há limite de tamanho pra envio de alguns documentos eletrônicos. Por esse contexto, as faturas mensais, por exemplo, são enviadas em pen drive até a Coordenação Geral de Logística da Pasta”, está escrito no comunicado.
OUTRA NOTA
Noutro comunicado, a empresa rebateu a acusação de que tenha feito pagamentos a Roberto Dias.
“O ex-diretor EFETUOU pagamentos — e NÃO recebeu ou foi beneficiário em suas contas — de qualquer vantagem por parte da Voetur. Foram duas as formas de pagamento utilizadas pelo consumidor Roberto Dias: pagamentos dele para a empresa mediante transferência eletrônica (portanto, rastreável) e pagamentos dele para a empresa em espécie. Atualmente, há pagamentos em aberto, portanto, Roberto Dias está inadimplente e as cobranças foram devidamente protestados”, está escrito na nota da VTCLog.