O inesquecível compositor Mikis Theodorakis faleceu em Atenas nesta quinta-feira (2) aos 96 anos. Em sua vasta obra, o mais célebre dos autores gregos, cuja digital ficou marcada para sempre na partitura do filme “Zorba, o grego”, contribuiu para estimular uma visão diferenciada de seu país, dedicou a vida à liberdade e a fomentar uma relação mais solidária entre os seres humanos.
Assim que informado da notícia o parlamento grego fez um minuto de silêncio em homenagem ao veterano combatente comunista, cujas lutas políticas incluíram a prisão e a tortura.
“Hoje perdemos uma parte da alma da Grécia. Mikis Theodorakis, Mikis o professor, o intelectual, o radical, com foi nosso Mikis”, disse a ministra da Cultura, Lina Mendoni.
Suas marcantes composições incluem uma série de canções de denúncia e resistência, como Estado de Sítio e Z, de Costa-Gravas. Outras se transformaram em verdadeiros hinos de combate anti-fascista que, pela intensidade e popularidade, foram frequentemente proibidas.
“Sua obra foi uma confrontação constante com a injustiça e o derrotismo, de nova luta e resistência”, declarou o Partido Comunista Grego.
Acusado pela simpatia com a guerrilha no enfrentamento com a monarquia fascista e as forças populares após a Segunda Guerra Mundial, foi deportado à ilha prisão de Makronisos em julho de 1947 para ser torturado.
Durante a junta militar que tomou de assalto a Grécia de 1967 a 1974 foi novamente preso e submetido a torturas. Posteriormente, foi deputado em duas ocasiões.
Em relação à crise financeira que atingiu a Grécia a partir de 2010, o intelectual comunista se manifestou de forma veemente contra as medidas de “austeridade” – impostas pelo Banco Central Europeu, União Europeia e Fundo Monetário Internacional – que levaram à fome e ao desemprego milhões de pessoas.
Em Cuba, recebeu a Distinção pela Cultura Nacional, “por sua contribuição à cultura universal e à luta pela paz e a justiça social, ao mesmo tempo em que manifestou sua constante relação de amizade e solidariedade com a Revolução cubana”. Amigo de Fidel Castro, foi fundador e presidente da Associação Heleno-Cubana de Amizade e Solidariedade do Comitê Grego Pró-libertação dos cinco presos cubanos nos Estados Unidos – os que atuaram na contra-espionagem e que haviam conseguido desbaratar vários atentados criminosos.