A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) divulgou, na sexta-feira (10), o manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, pedindo “harmonia”, “serenidade” e “diálogo”, mas alivia para o governo Bolsonaro, dizendo que a mensagem “não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente”.
Por conta do atraso na divulgação da nota e de mudanças feitas em seu conteúdo, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) não assina o manifesto.
O manifesto diz que as entidades empresariais “veem com grande preocupação a escalada da tensão entre as autoridades públicas” e que “o momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política” e “estabilidade institucional”.
Na versão oficial, a Fiesp inseriu, no trecho citado no parágrafo anterior, a palavra “tensão” no lugar de “hostilidades”, como vinha sendo discutido pelas entidades.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, decidiu unilateralmente por atrasar a divulgação do manifesto, que já era discutido desde o final de agosto, e incluiu trechos que aliviam as críticas antes dirigidas a Jair Bolsonaro – que é quem realmente cria as tensões entre os Poderes.
Um trecho colocado apenas na última versão do manifesto diz que “esta mensagem não se dirige a nenhum dos Poderes especificamente, mas a todos simultaneamente, pois a responsabilidade é conjunta”.
A versão anterior falava que os três Poderes deveriam atuar com foco para “voltar” a “crescer e gerar empregos” para “reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”.
Na versão divulgada pela Fiesp, o trecho foi alterado para “continuar” a “gerar empregos” e a parte de “reduzir as carências sociais” foi suprimida.
O manifesto “A Praça é dos Três Poderes” foi idealizado como uma crítica à escalada golpista que estava se montando por parte de Jair Bolsonaro com sua convocação para as manifestações do dia 7 de setembro.
O governo Bolsonaro, que se articulou para tentar impedir que isso fosse concretizado, pressionou a Febraban, através da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, para não assinar o manifesto. Os presidentes dos dois bancos estatais ameaçaram deixar a Febraban caso a entidade insistisse em assinar o manifesto. Depois recuaram da chantagem.
Apesar de não ter assinado a versão final, a Febraban disse que a divulgação antecipada do manifesto na mídia já fez com que ele cumprisse “sua finalidade”.
“Diante disso, a Febraban avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da Fiesp, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto”.