O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse que vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) se o Estado não receber cerca de 1 milhão de doses da vacina contra Covid-19 da AstraZeneca que estão em atraso e seriam destinadas para a aplicação da segunda dose.
“O Ministério deve, sim, um milhão de doses da AstraZeneca e, se não der por aquilo que representa a proporcionalidade de São Paulo e seus 645 municípios, dará por determinação do STF, porque se nós não recebermos a vacina até a próxima terça-feira, como é a promessa do Ministério da Saúde, nós ingressaremos com outra medida no Supremo”, afirmou Doria.
Doria também disse que, até quinta-feira (9), o governo do estado já havia enviado dois ofícios ao governo federal cobrando o envio das vacinas que deveriam ter sido repassadas ao Plano Nacional de Imunização (PNI), mas não obteve resposta.
Sem as doses, a população fica impedida de completar o ciclo vacinal contra a Covid-19. O problema ocorre desde o início da semana, e gerou um novo impasse entre as gestões estadual, municipal e o Ministério da Saúde.
Tanto Dória, quanto o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), acusam o governo federal de alterar cronograma de envio, atrasar repasse de doses e ser responsável pelo desabastecimento dos postos, principalmente na cidade de São Paulo.
O Ministério da Saúde afirma que “não deve segunda dose de vacina Covid-19 da AstraZeneca ao estado de São Paulo”.
Só a cidade de São Paulo tem mais de 200 mil pessoas com a segunda dose da vacina AstraZeneca em atraso por conta da falta do imunizante nos postos de saúde. Na manhã desta sexta-feira (10), quase 100% dos postos já não tinham mais nenhuma dose disponível.
Segundo o Ministério da Saúde, o desabastecimento teria ocorrido porque o estado utilizou parte das vacinas destinadas à segunda dose em aplicações de primeira dose.
“Dados inseridos por São Paulo no LocalizaSUS mostram que o estado utilizou como primeira dose vacinas destinadas à dose dois. O estado aplicou 13,99 milhões de dose 1 e 6,67 milhões de dose 2”, disse o Ministério da Saúde
Ricardo Nunes negou que o município tenha usado vacinas para aplicação da primeira dose. “A Prefeitura de São Paulo, ela não utilizou a vacina da AstraZeneca ou de qualquer outra de segunda dose como primeira dose”, declarou.
NÃO HÁ DOSES
De acordo com o “Vacinômetro”, da capital paulista dos 550 postos de vacinação abertos nesta quinta-feira (9), em 454 deles não havia AstraZeneca.
Na zona sul, por exemplo, das 160 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), em 139 delas não havia o imunizante da AstraZeneca.
Na zona leste, de 188 postos, 120 não tinham AstraZeneca. Na zona norte, o problema foi registrado em 89 das 91 UBSs. Em nenhum dos 18 mega drive-thru espalhados pela capital tinha a vacina para segunda dose.
Nesta sexta-feira, a situação piorou, além de não encontrar vacina da AstraZeneca nos postos de saúde da capital paulista, os moradores de São Paulo que buscam a Pfizer para a segunda dose, agora também sofrem com a falta do imunizante.
No site “De Olho na Fila”, que mostra a situação dos postos e se há vacina para a segunda dose, apenas um dos 18 postos de drive-thru tinham a Pfizer no final do dia.
Sobre as doses da Pfizer, em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que recebeu 255 mil doses, na quinta-feira e outras 128.510 da CoronaVac. “Estas vacinas estão sendo entregues em todas as regiões da cidade e as unidades estão sendo reabastecidas”, diz a pasta, complementando que o ministério da Saúde sinalizou a entrega de um lote de vacina da AstraZeneca para a capital na próxima semana, mas ainda sem data certa.