A pobreza avança a passos largos no país, enquanto o presidente Jair Bolsonaro se dedica a produzir seguidas crises institucionais que só agravam as dificuldades econômicas de empresas e pessoas.
Segundo estudos do pesquisador Marcelo Neri, da FGV, a pobreza já atinge 27,7 milhões de brasileiros, o equivalente a 13% da população. Em 2017 eram 11,2%.
Em meio à trágica situação, também ficou mais difícil o acesso a políticas públicas de proteção social à parcela da população mais vulnerável.
Conforme dados divulgados no domingo pelo jornal “O Globo”, três milhões de brasileiros estão à espera de benefícios sociais e previdenciários numa fila que o governo não faz nada para reduzir.
Desse total, 1,2 milhão de pessoas estão esperando o Bolsa Família. Há ainda 1,8 milhão aguardando aposentadoria ou pensão do INSS, sendo 600 mil pessoas com deficiência ou idosos pobres em busca do Benefício de Prestação Continuada (BPC).
As dificuldades de acesso contribuem para o avanço da pobreza. De acordo com dados do Ministério da Cidadania, 1.186.755 pessoas que atendiam aos critérios de acesso ao Bolsa Família em agosto não foram incluídas no programa por falta de recursos.
No mês passado, o benefício foi pago a 14,6 milhões de famílias. No entanto, a proposta de Orçamento para 2022 prevê R$ 34,7 bilhões para 14,7 milhões de famílias. Ou seja: não haveria espaço para zerar a fila nem para aumentar o valor do benefício.
A fila do INSS tem causas estruturais, como falta de investimento em sistemas e em pessoal, deficiências que foram agravadas pelo fechamento de agências por causa da pandemia e uma greve de médicos peritos. Dos 1.500 postos, 200 ainda não reabriram por falta de protocolos de segurança.
O governo chegou a prometer zerar a fila do INSS com medidas provisórias para contratação de temporários e pagamento de bônus para servidores agilizarem a análise de processos, mas as promessas não se efetivaram.