“Houve uma tentativa de golpe de Estado, liderada pelo presidente da República e que foi contida pelas outras instituições de Estado, sobretudo o Supremo, e pela sociedade, incluindo o mercado”, observou o governador do Maranhão. “Houve uma frente ampla que conteve [o golpe]”
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB), afirmou que não há “sinceridade” no suposto “recuo” de Jair Bolsonaro, pois “o momento de confrontação foi apenas adiado”, e que os democratas não podem “baixar a guarda”.
“Não creio que haja muita sinceridade no recuo. Acho que foi mais uma contenção do que propriamente um ato voluntário”, avaliou.
Bolsonaro “foi contido e obrigado a dar uns passos atrás, mas sem renunciar às suas convicções, uma vez que elas são constitutivas da sua identidade política. O Bolsonaro não vive sem guerra”, disse Dino em entrevista ao programa Canal Livre, da Band.
O governador afirmou que Bolsonaro não vai apaziguar a situação e tentar governar porque ele não tem nenhum projeto de país. Ele é apenas “a negação visceral de ‘tudo isso que aí está’. E ele vai continuar negando, não vai governar. Por isso, creio, que nessa negação ele vai tentar tumultuar o processo eleitoral do próximo ano”.
“Nós, os democratas, não podemos reduzir o controle e a contenção de uma pessoa ditatorial, autoritária, golpista, que já cometeu crimes em série. Fazer a crítica, fazer o combate, é a única forma de proteger a democracia”, pontuou.
A sociedade e as instituições democráticas não podem deixar de prestar atenção nas movimentações golpistas “para que a minoria não se comporte como maioria e não se anime para promover uma ruptura”.
O governador do Maranhão defendeu que “todos os segmentos, rigorosamente todos, que estão vendo que o Brasil está caminhando na direção errada se manifestem. Quando eu digo todos, falo em um marco mais amplo que não se refere apenas à esquerda”.
Flávio Dino afirma que Jair Bolsonaro organizou uma tentativa de golpe no dia 7 de setembro e que as ações do Supremo Tribunal Federal (STF) frustraram suas intenções.
“Houve uma tentativa de golpe de Estado, liderada pelo presidente da República e que foi contida pelas outras instituições de Estado, sobretudo o Supremo, e pela sociedade, incluindo o mercado”.
“Claro que atabalhoado, mas havia método naquilo, naquela tentativa de invadir, de destruir. Isso se revelou nos dias subsequentes com a paralisação que havia sido preparada. Havia, sim, um intuito de ruptura”, sentenciou.
“Acho que houve uma frente ampla democrática que conteve o planejamento”, continuou. O governador citou a movimentação dos setores empresariais e produtivos para rechaçar o golpismo de Bolsonaro.
Depois de ter incentivado seus apoiadores a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), ter dito que não cumpriria as decisões do ministro Alexandre de Moraes e tê-lo chamado de “canalha”, Bolsonaro divulgou uma carta falando que as falas foram feitas no “calor do momento” e que nunca teve a “intenção de agredir” o STF.
No texto, escrito pelo ex-presidente Michel Temer, Bolsonaro diz que quer o diálogo, mas sua postura sempre foi contrária a isso. Flávio Dino comentou que iria, sim, a uma reunião convocada por Bolsonaro, mas duvida que isso sequer chegue a acontecer.
Tanto assim que 24 governadores se reuniram no final de agosto e pediram um encontro com Bolsonaro para estabelecer um diálogo e, até hoje, Bolsonaro ignorou o encontro com os gestores estaduais.
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