“Faz-se imprescindível que a sociedade se una e erga-se para preservar sua liberdade”, diz o manifesto apresentado no ato desta noite
Parlamentares e lideranças de 16 partidos participaram da abertura do 2º Ato Internacional em Vigília pela Democracia Brasileira, organizado pelo movimento Direitos Já!, que teve como principal bandeira a unidade dos democratas pelo impeachment de Jair Bolsonaro.
O ato foi realizado em São Paulo, na quarta-feira (15), com transmissão ao vivo pelas redes sociais. Para assistir o evento completo, acesse:
Coordenado pelo sociólogo Fernando Guimarães, o ato contou com a presença de representantes do PSB, PDT, PSD, PCdoB, DEM, PL, Cidadania, Rede Sustentabilidade, MDB, PSol, PT, Podemos, PSDB, PV, PSL e Solidariedade.
Em todos os pronunciamentos, houve o consenso de que a luta pelo impeachment deve se dar com uma frente ampla, isto é, unindo partidos de todo o espectro político em defesa da democracia e contra o governo de Jair Bolsonaro.
Fernando Guimarães disse que participaram do evento “lideranças da esquerda e da direita, juntos em defesa da democracia brasileira, frente a um governo genocida e de caráter autoritário”.
“É preciso que resgatemos o compromisso com a Constituição brasileira e que coloquemos o povo na rua para defendê-la. Nós temos a responsabilidade política de nos unirmos para isso”, pontuou. Guimarães anunciou que o Direitos Já! estará em todas as manifestações que tenham como pauta “tirar esse genocida do poder”.
Fernando Guimarães abriu os trabalhos no ato com a leitura do manifesto aprovado por unanimidade entre todas as forças políticas que participam do movimento em defesa da democracia. “Não há mais tempo para tergiversar: faz-se imprescindível que a sociedade se una e erga-se para preservar sua liberdade”, diz um trecho do manifesto (Ler a íntegra no final do texto).
O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), enviou uma mensagem ao evento, afirmando que “opiniões sobre economia, costumes e meio ambiente podem nos dividir, mas a democracia e a liberdade sempre haverão de nos unir”.
“Nas ruas devem caber todos que queiram lutar por democracia e por avanços sociais. Só não usemos esse momento tão decisivo da história do país para aprofundar nas ruas a luta eleitoral. Definitivamente, essa luta terá que ficar para 2022”.
O senador José Anibal (PSDB-SP) falou, através de mensagem ao ato, que o Direitos Já! se tornou “um dos melhores fóruns de debate, de agregação e de estímulo à luta pela democracia, contra a ação autoritária e regressiva desse governo”.
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo, enviou um vídeo, que foi transmitido no ato, e destacou que nada é “mais importante do que neste momento nós fazermos a defesa da democracia. Estamos vivendo ameaças às instituições”.
O ex-ministro, ex-senador e presidente do Cidadania, Roberto Freire, que foi representado no ato pela ex-vereadora de São Paulo Soninha Francine, afirmou que “Jair Bolsonaro é a ameaça mais imediata” e que devemos “derrotá-lo por um impeachment”.
Os deputados Fábio Trad (PSD-MS), Fernanda Melchionna (PSol-RS), Alessandro Molon (PSB-RJ), representando o presidente do PSB, Carlos Siqueira, e Júnior Bozzella (PSL-SP), que representou o presidente do PSL, Luciano Bivar, estiveram presentes no ato.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) enviou uma mensagem, que foi lida no evento.
Também participaram as lideranças partidárias Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco e presidente do PCdoB, José Luiz Penna, presidente nacional do PV, Antônio Neto, presidente do PDT de São Paulo, Laércio Ribeiro, presidente do PT de São Paulo, representando a presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, a ex-senadora Heloísa Helena, que é porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade, Jefferson Coriteac, vice-presidente do Solidariedade, representando o presidente, deputado Paulinho da Força, o ex-prefeito de Rio Claro, Du Altimari, representando o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi, e o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, representando o DEM.
O Direitos Já! realizará uma atividade em defesa da democracia durante o final de semana (18 e 19), com participação de intelectuais estrangeiros, como Noam Chomsky e Boaventura de Sousa Santos, o ex-presidente do Uruguai, Julio Maria Sanguinetti, entre outros.
Veja as mensagens e trechos dos discursos feitos no evento da quarta-feira (15):
Senadora Simone Tebet (MDB-MS):
“Hoje é o dia internacional desta que deveria ocupar o altar de cada um de nós, a democracia. Pena haver alguém que ainda insista em atacá-la e desacatá-la.
Por isso, além de venerá-la e respeitá-la, é nosso dever defendê-la. Que este dever enquanto substantivo também se faça verbo nos corações e mentes de todos nós. Eu democratizo, nos democratizamos, para que todos nós democratizem suas ações e defendam o direito de todos viverem em Democracia”.
Deputado Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara:
“Neste dia da democracia, venho aqui pregar o diálogo, a serenidade e a moderação. Nosso país é muito diverso e é justamente nessa diversidade que reside a nossa pluralidade, nossa vantagem comparativa enquanto nação. Não podemos deixar que um Brasil que é negro, que é branco, mas que também é índio, se reduza a nenhum binarismo.
Neste dia histórico, o meu chamado é para que agora nos unamos pela democracia, para que amanhã tenhamos ambiente de nos unir por muitas outras lutas igualmente caras aos brasileiros.
Fui em um ato em defesa da democracia no domingo (12), como irei no dia 2 de outubro. Vou também para lutar por vacinas, emprego e comida. Nas ruas devem caber todos que queiram lutar por democracia e por avanços sociais. Só não usemos esse momento tão decisivo da história do país para aprofundar nas ruas a luta eleitoral. Definitivamente, essa luta terá que ficar para 2022.
Defendo o direito de todos à discordância, à crítica, porque acredito ser possível, cada vez mais, exercitarmos a nossa capacidade de nos ouvir com tolerância, respeito, tentando, na divergência, construir convergências. Assim tenho tentado agir em minhas atitudes com os colegas no parlamento, meus amigos, familiares e nas ruas.
Opiniões sobre economia, costumes e meio ambiente podem nos dividir, mas a democracia e a liberdade sempre haverão de nos unir”.
Roberto Freire, presidente do Cidadania:
“Jair Bolsonaro é a ameaça mais imediata e a elas temos que voltar a nossa atenção. Derrotá-lo por um impeachment pelos crimes comuns e de responsabilidade que cometeu e garantir as eleições livres é o dever primeiro dos democratas”.
Senador José Aníbal (PSDB-SP):
“No dia internacional da democracia, o movimento Direitos Já! e o Fernando Guimarães merecem uma saudação especial pelo trabalho que fizeram ao longo de quase três anos, constituindo um dos melhores fóruns de debate, de agregação e estímulo à luta pela democracia contra a ação autoritária e regressiva desse governo. Parabéns ao Direitos Já! e viva a democracia”.
Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB):
“Nada mais importante do que, neste momento, fazermos a defesa da democracia. Estamos vivendo ameaças às instituições. Não creio em rupturas institucionais, mas as ameaças às instituições deixam o ambiente totalmente instável nas relações institucionais e não apontam para uma solução dos problemas que o Brasil hoje enfrenta.
A população brasileira está vivendo há 1 ano e meio com a pandemia. Na hora que ela poderia apontar para levantar voo e poder recuperar suas vidas, recuperar emprego, ter renda, a gente vive com esses ataques às nossas instituições e uma disputa interminável, pela forma que o presidente Jair Bolsonaro se coloca. Isto deixa um processo muito instável nas relações institucionais.
Então, é preciso que a gente faça de forma objetiva, e permanentemente, com nossas falas e nossas ações, a defesa das nossas instituições, do processo democrático e das garantias que nós tivemos nessas últimas décadas com relação à proteção da sociedade brasileira”.
Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde:
“Em que pese toda a importância do ato presencial nesta data em que a comunidade internacional chama todos a reforçar a democracia como caminho às liberdades de expressão, respeito, pluralidade e cidadania, não posso estar fisicamente com vocês.
Reitero o nosso compromisso, como pessoa e em nome do partido Democratas, para chamar atenção aos posicionamentos públicos que fazemos e que faremos com os pontos de convergência a que somos instados a nos manifestar. A independência e a harmonia dos poderes constituem um pilar da nossa democracia e iremos sempre repudiar atos que atentem contra a nossa Constituição Cidadã.
A imprensa livre é outro pilar da democracia que resguardamos como essencial e que vem sistematicamente sendo ameaçada no Brasil.
A fragmentação e cooptação política, patrocinada em nome da governabilidade, que macula a democracia, impõe uma reforma política que expresse os valores democráticos do nosso país. Não é o caminho mais fácil, mas o melhor é o único caminho para nosso futuro como nação”.
Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco e presidente do PCdoB
“Não pode alguém com as características de Bolsonaro, que é um homem sem ideias, vazio e autoritário, sequestrar o patrimônio do povo brasileiro, a sua história, os nossos principais símbolos e marcas. Não pode ser verde e amarelo a manifestação do Bolsonaro.
Esses entreguistas, esses antinacionais, que a todos os dias comprometem o patrimônio do povo brasileiro, não podem se arvorar de patriotas. Patriotas somos nós que carregamos e defendemos a Petrobrás, a Eletrobrás, que defendemos as nossas riquezas e que defendemos essa diversidade, essa nossa biodiversidade, essa riqueza gigantesca que tem do nosso Brasil, as nossas potencialidades.
É nesses momentos em que nós precisamos ter espírito de unidade. Esse espírito de unidade é que foi em vários momentos de inflexão da história quem possibilitou a virada da cena, a virada do jogo e nós estamos com isso na mão, se nós tivermos juízo, se nós tivermos serenidade, se nós tivermos objetividade nos nossos sonhos e no que nós queremos em momentos como esse.
O palanque da eleição é em 22. Nós vamos ter muitas diferenças, vamos estar aí construindo com o tempo político para isso. O que urge é fazer a luta pela democracia, que é tão cara”.
Du Altimari, ex-prefeito de Rio Claro, representando o presidente do MDB, Baleia Rossi:
“Uma coisa que o MDB não abre mão, de todas as divergências que possam ter, é a nossa democracia. Isto a gente não abre mão nunca.
Na Constituição de 1988 foi muito bem colocado que nós temos que respeitar as instituições, que as instituições têm que ser independentes e tem que ser harmônicas.
Nós não aceitamos nada que desrespeite a nossa Constituição. Você pode discordar da Constituição, mas você tem que cumprí-la”.
José Luiz Penna, presidente nacional do PV:
“Bolsonaro é o pior, é a chacota. Nós estamos sendo vistos como párias. Não vai ser esse aprendiz de feiticeiro nazista que vai conseguir tirar o Brasil do rumo”.
Antônio Neto, presidente do PDT de São Paulo:
“O que aconteceu no dia 7 de setembro foi muito grave e nós não podemos, por olhares eleitoreiros, não nos unirmos para impedir [um golpe]. Nós temos que ter maturidade agora, eleição é no ano que vem.
Os partidos políticos têm que convocar todos os seus militantes, seus filiados, para juntos, unidos, darmos um basta. Nós não aguentamos mais 15 meses desse governo. Bolsonaro é um hipócrita, um genocida. Vai pagar e vai para a cadeia.
Em conversa com o HP, Antônio Neto avaliou que “foi muito importante ter 16 partidos aqui pensando a mesma coisa, fazendo uma análise de conjuntura igual e, acima de tudo, todos pregando, sem exceção, a necessidade de deixar a questão eleitoral para o próximo ano. Essa é a única coisa que a gente tem que ter claro, o momento não dá para pensar na disputa eleitoral. O inimigo principal é o Jair Bolsonaro e nós vamos tirar Bolsonaro”.
Para ele ainda cabem “muito mais” lideranças e partidos na frente ampla. “Se a gente puder ter todos conosco, será ótimo. Creio que cabe mais, cabe não só partidos políticos, mas movimentos, associações, centrais sindicais, sindicatos, cabem todos. Todos aqueles que estão com a mesma visão de no momento que o inimigo principal é Bolsonaro, estão aptos a estar ao nosso lado”.
Ex-senadora Heloísa Helena, porta-voz nacional da Rede Sustentabilidade:
“Tem um verso do Bispo Casaldáliga (1928–2020) que diz: “É preciso saber esperar / sabendo ao mesmo tempo forçar / as horas de extrema urgência / que não nos permite esperar”. Esta é a questão desse momento.
Bolsonaro comporta-se como um soldado sem honra que deixa feridos para trás. Bolsonaro é incapaz de um único gesto de solidariedade humana. Da sua face nunca sairá uma lágrima diante dos escombros do luto, desemprego e lágrimas que vivemos hoje no Brasil.
Não dá para esperar as urnas, não dá para esperar porque como disse Casaldáliga e como diz a vida cotidiana de milhões de pessoas, não dá para esperar. Essa é a questão”.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT:
“Esse esforço contínuo em vigília pelo nosso processo democrático é fundamental para enfrentarmos a escalada antidemocrática orquestrada por Jair Bolsonaro e seus seguidores”.
Laércio Ribeiro, presidente do PT de São Paulo:
“O que está em jogo, hoje, são os ataques ao pacto que fizemos em 1988, o ponto de partida para alcançar todos outros direitos. A nossa luta é pela democracia, pelos direitos, pela Constituição que nos une”.
Soninha Francine, ex-vereadora de São Paulo, representando o Cidadania:
“A Democracia não é uma possibilidade da política, não é um tipo de política ou uma qualidade da política. A democracia é uma condição para política. Não há política sem democracia. Sem a possibilidade de divergir, de defender pontos de vista diferentes, de questionar, participar, reivindicar de protestar, de ter acesso a população, o que que resta na política?”
Deputado Fábio Trad (PSD-MS):
“Não defendo a democracia daqueles que querem fechar o Supremo, intervenção militar, pregar a debilidade das instituições. Eu não quero ficar do lado de um regime que matou Herzog.
Como se pode admitir um presidente que publicamente diz que não vai cumprir a decisão emanada Supremo, de um Poder constituído, de um órgão da cúpula do judiciário? É golpe, Isso já é golpe.
Não há mais necessidade de avançar além daquilo que o próprio Bolsonaro verbalizou e que depois, de forma pusilânime, recuou, não como expressão de uma desculpa sincera.
Recuou porque viu que se insistisse perderia o mandato e o cargo.
Faço um apelo: Essas páginas do passado, vamos colocá-las em uns clips, para não ler mais o que aconteceu. Vamos ler daqui para frente. Discordâncias que aconteceram lá trás, ranhuras, um chega lá, uma mágoa acolá.
Vamos superar tudo isso em nome daquilo que é o fundamento, que é a estrutura, que na realidade é a raiz, que justifica estarmos juntos aqui. Eu quero estar do lado de vocês! Eu não quero ficar do lado de alguém que no plenário da Câmara dos Deputados ressuscitou o nome de um torturador”.
Deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara:
“O ensaio do golpe, do último 7 de setembro, que acelerou a aproximação dos nossos partidos, de muitas lideranças e o Direitos Já! deram uma enorme contribuição para isso
Aquilo que o Presidente da República fez no dia 7 de setembro não é liberdade de expressão, é crime de responsabilidade, ele atentou contra o livre funcionamento do poder judiciário, ele atenta contra o Congresso Nacional.
Nós não podemos nos deixar enganar com a simulação, com o fingimento de arrependimento daquela carta, que ele fez questão de dizer que não tinha sido escrita por ele, que ele não teve a decência de ler, de gravar um vídeo, como ele sabe fazer, sempre o que lhe interessa, para que aquilo não saísse da boca dele, porque não é um arrependimento sincero, porque é um fingimento para que o país relaxe e nós não podemos relaxar.
Eles criaram a ideia de que eles são maioria, mas as pesquisas provam que não. Para cada brasileiro que aprova o governo, dois desaprovam.
Essa nossa unidade tem que está acima de qualquer projeto eleitoral e nós vamos ter que ter grandeza de estar nas ruas ao lado de quem é diferente da gente, lá nos palanques sem atacar quem está ao nosso lado e sem atacar quem vai estar em outro palanque no ano que vem, para que a gente possa está em palanques diferentes no ano que vem é preciso garantir as eleições
É preciso afastar Bolsonaro pelo impeachment, é preciso garantir as eleições do ano que vem, e isso se fará com essa unidade”.
Em entrevista à Hora do Povo, Molon ressaltou que “a gente precisa de mais partidos ainda, porque nós temos 35 partidos no Brasil e eu tenho certeza que há mais de 16 que defendem a democracia. Portanto, um dos nossos desafios é trazer mais partidos e mais gente para esse palco”.
“Nós vamos começar a procurar os representantes desses outros partidos e movimentos para que todos se sintam convidados a serem co-organizadores desses dois atos que vão correr, o do dia 2 de outubro e o do dia 15 de novembro”, explicou.
O deputado disse que “as placas tectônicas” do Congresso Nacional “se moveram no dia 7 de setembro, o chão se mexeu. A gente percebe que alguma coisa mudou, não ainda a ponto de garantir o impeachment, mas certamente a gente está mais perto dele hoje do que a gente estava no dia 6 de setembro”.
Molon falou ainda que Bolsonaro “não se tornou um democrata depois do 8 de setembro”, “ele continua com um projeto autoritário” e “voltará a atacar a democracia”.
Deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), representando Luciano Bivar, presidente do PSL:
“Vivemos um perigo real, que está ocorrendo. Não existem bravatas, o autoritarismo já está presente no governo Bolsonaro. Nós temos que esclarecer a sociedade que o Estado totalitário está se aproximando. Nós sabemos que o Bolsonaro se inspira no Mussolini e Hitler.
Bolsonaro renunciou ao seu governo. Há três anos não entrega nada para a sociedade. Ele não vai parar de tentar a qualquer custo ferir a democracia.
Daí a importância de estarmos juntos. Irmanados em 15 de novembro, nas ruas para defender a democracia.
Ao HP, Bozzella avaliou que o ato foi “um passo importante em defesa da democracia e na interrupção da escalada autoritária”.
“Um evento como o de hoje é fundamental, é decisivo, porque você une a sociedade no sentido mais plural. Você tem daqui dentro desse evento do PSOL ao PSL, e eu acho que isso é um marco”.
“Eu acho que todos deveriam ter o seu desprendimento de estarem presentes”. O deputado avalia que “tem outros tantos partidos que vão se somar” à defesa da democracia.
Segundo ele, todas as pautas do governo Bolsonaro no Congresso Nacional “são autoritárias”, como “a lei antiterrorismo, a MP que ele editou das fake news”.
Deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS):
“Não é hora de confundir os nossos desafios. A unidade de ação é entre todos que defendem o Fora Bolsonaro, o impeachment e as liberdades democráticas.
Unidade de ação não é palanque eleitoral. Unidade de ação é pra dizer que precisa derrotar Bolsonaro agora, para que inclusive tenhamos garantido as eleições em 2022”.
Em entrevista ao HP, Melchionna falou que “é preciso derrotar o inimigo maior que é o Bolsonaro” e que a unidade nas ruas deve se dar em torno do “Fora Bolsonaro e do impeachment já”.
“É preciso lutar pela abertura do processo de impeachment e para que um criminoso não participe do processo eleitoral”, completou.
(Cobertura Pedro Bianco, Antonio Rosa, Tiago César e José Amaro)
Segue a íntegra do manifesto contra o fascismo:
DEMOCRACIA BRASILEIRA
Não há meias palavras para relatar o que ocorre hoje no Brasil: a democracia está sob ataque e risco. Uma situação que impõe constante vigilância e iniciativas concretas e vigorosas para preservar este que, embora sob grave ameaça, é o mais longevo período de liberdade política na conturbada história do país.
Não há mais tempo pra tergiversar: faz-se imprescindível que a sociedade se una e erga-se para preservar sua liberdade. Uma condição suprema conquistada a duras penas nas intrincadas – e não raro sangrentas – lutas da cidadania em confronto com os históricos episódios de autoritarismo e que ora voltam a nos assombrar.
Não há saída possível que não a interrupção definitiva desse ciclo autoritário e o momento atual é gravíssimo e crucial. Grave porque a artilharia contra a democracia e as instituições democráticas no Brasil parte de quem deveria defendê-la, do governo central, do presidente Jair Messias Bolsonaro, e de seu gabinete ministerial. Nevrálgico, porque não há mais sutilezas: o fascismo foi assumido como projeto.
Há, sim, no entanto, uma resistência que se intensifica. Na sociedade, nas ruas, no Parlamento, nas instituições, nas empresas, na liderança política democrática em todo espectro. A essa resistência se soma hoje e sempre o Direitos Já! Fórum pela Democracia com a convocação de seu II Ato Internacional, numa poderosa Vigília pela Democracia Brasileira, com a adesão de personalidades de todo o mundo.
O Brasil, como Hungria, Polônia e mais países, precisa urgentemente do olhar vigilante dos democratas do planeta. Porque o roteiro da escalada autoritária segue um projeto global e urge uma aliança internacional em seu combate. É um script conhecido, já testado, que resultou na investida à democracia norte-americana com a invasão ao Capitólio.
Bolsonaro, como Trump, se arma da manipulação de parcela considerável da população. Propaga com método e profissionalismo notícias falsas para tentar deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro, reconhecido como um dos mais eficientes e transparentes do planeta. Insufla cidadãos contra a autoridade eleitoral e a Suprema Corte, incorpora um discurso conspiracionista contra adversários políticos e nações historicamente aliadas que repudiam suas táticas.
O mundo deve compreender os graves retrocessos que o Brasil percebe sob Bolsonaro para além da ameaça autoritária. O combate à pandemia é feito em bases anticientíficas, minimizando a gravidade da propagação do vírus, sabotando medidas de isolamento, desestimulando o uso de máscaras e negando a essencialidade e a urgência das vacinas.
Insufla as Forças Armadas a assumir papel de poder moderador em constante, acintosa e inaceitável ameaça à Constituição. Bolsonaro corrói os avanços do sistema de democracia participativa ao extinguir e restringir a participação popular nos conselhos temáticos e ministeriais.
A destruição do meio ambiente tornou-se política de estado. A legislação ambiental brasileira, antes a mais avançada, retrocede velozmente; o aparato fiscalizatório e repressor é precarizado e desautorizado. Servidores públicos que se insurgem contra os retrocessos são perseguidos, afastados e exonerados de suas funções.
Os indicadores sociais mostram um veloz agravamento da miséria. A fome está de volta. Há quase 20 milhões de pessoas sem alimento. A extrema pobreza quase triplicou e já alcança 13% da população. A inflação está próxima ao ponto de descontrole, a concentração de renda se intensifica e o desemprego supera 14% da força de trabalho. Perdemos o sentimento de esperança. Precisamos retomar energia e dominar nosso destino.
A ciência e a cultura sofrem um processo de desinvestimento como jamais visto. Pesquisas estão interrompidas e o patrimônio cultural se incendeia. Há um desmonte em marcha do setor público federal. São desarticulados os programas de financiamento, os processos de fomento e os elementos de desenvolvimento.
As relações internacionais se baseiam na agressão e no desrespeito aos povos amigos e sua autonomia. A política externa brasileira, que construiu uma nação admirada por todos pela diretriz conciliatória, degenerou para parir um párea. Atacam nossos melhores parceiros comerciais e se alinham com outros dirigentes com vieses autoritários.
Para nossa vergonha, o governo Bolsonaro afronta direitos das minorias étnicas, das populações indígenas, os direitos humanos, a liberdade religiosa, a laicidade e a autonomia sexual dos indivíduos. Agride sistematicamente e criminaliza a imprensa em prejuízo da liberdade de expressão. Inacreditavelmente, escancara seu DNA fascista ao confraternizar com grupos extremistas e nazistas execrados internacionalmente.
Passou da hora o BASTA!
Nesse intento, a Vigília Direitos Já! pela democracia no Brasil convoca uma aliança mundial com os democratas brasileiros para observar e garantir a realização de eleições livres.
Os que assinam este manifesto estabelecem a partir de agora um compromisso permanente com a democracia no Brasil. Aliança que se consagra nos dias 15, 18 e 19 de setembro durante o II Ato Internacional do Direitos Já! e que se estenderá até a posse do presidente eleito pela vontade da maioria da população brasileira.
Direitos Já! Fórum pela Democracia