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A sambista Dona Ivone Lara morreu, aos 97 anos, por conta de uma insuficiência cardiorrespiratória na noite de segunda-feira (16). A Grande Dama do Samba estava internada, desde sexta-feira (13), com um quadro de anemia no Centro de Tratamento e Terapia Intensiva (CTI) da Coordenação de Emergência Regional (CER), no Leblon, na zona sul do Rio.
Dona Ivone foi velada na quadra da sua escola de samba, o Império Serrano, em Madureira, na zona norte. O enterro aconteceu no cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte do Rio.
Aos 97 anos Dona Ivone se deslocava de cadeira de rodas e era amparada por familiares. Em suas aparições públicas, estava sempre sorridente e simpática. Onde chegava era ovacionada por artistas e pelo público.
LEGADO
Nascida em 13 de abril de 1921, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, D. Ivone é a autora de sucessos como Sonho Meu, escrita em parceria com Décio Carvalho. O seu primeiro disco gravado foi o “Sambão 70”, em 1970, quando ela tinha 49 anos. Ao todo D.Ivone gravou 19 álbuns repletos de sucessos compostos por ela.
A sambista foi a primeira mulher a ganhar uma disputa de samba-enredo numa escola de samba no Rio, em 1965 – “Os cinco bailes da história do Rio” (com Silas de Oliveira e Bacalhau), no Império Serrano, D. Ivone também foi a primeira mulher a passar integrar a ala de compositores da escola. Ela era filha de músicos e ligados ao carnaval. Era prima de Mestre Fuleiro, um dos fundadores do Império Serrano.
Gravada por Beth Carvalho, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Mariene de Castro, Roberta Sá, Marisa Monte, Zeca Pagodinho, Caetano Veloso, Gilberto Gil, e muitos outros grandes nomes da música brasileira, D. Ivone levou o samba para países na África, na Europa e na América Latina.
Em 2012 foi homenageada pelo Império Serrano. O tema “Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba” contou a história de sucesso da compositora. Em 2015, entrou para a lista 10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio.
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D. Ivone também foi a primeira mulher a passar integrar a ala de compositores da Império Serrano
Ivone sabia curar a dor de amor, algo que muito provavelmente tem a ver com outra de suas especialidades: a enfermagem. Formada na profissão foi auxiliar da pioneira psiquiatra Nise da Silveira. Ela também trabalhou como atriz, em filmes, e foi a Tia Nastácia em especiais do Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Seu maior parceiro foi Délcio Carvalho, com quem criou, entre muitos sambas, “Sonho meu”, “Acreditar”, “Minha verdade” e “Em cada canto uma esperança”. Em rodas de samba cariocas, composições como “Tiê” e “Mas quem disse que eu te esqueço”, esta com Hermínio Bello de Carvalho, sempre são lembradas.
Seu samba tinha uma assinatura e uma vasta lista de grandes sucessos, como: “Alguém me avisou”, “Acreditar”, “Tendência”, “Mas quem disse que eu te esqueço”, “Samba, minha raiz”, “Sorriso de criança”, “sorriso negro”, “sonho meu” e “minha verdade”.
Dona Ivone ergueu um valoroso monumento, patrimônio da cultura popular brasileira. A Grande Dama do Samba permanecerá viva na história e na voz de todos aqueles que em uma boa roda de samba cantam suas músicas.
MAÍRA CAMPOS
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Ivone Lara, durante o “UMES Cantarena”, em São Paulo. De chapéu branco, ao fundo da platéia o sambista Zé Keti prestigiava a Dama do Samba