A Polícia Civil abriu nesta sexta-feira (17) um inquérito para investigar um policial militar da reserva que aparece em um vídeo xingando uma mulher e o filho dela por serem negros. O homem também admite ser racista e ameaça bater na mulher que está filmando.
No vídeo, o homem aparece discutindo com uma mulher que está filmando. Ele diz “teu filho é um maldito de um negro desgraçado, que é pirracento”.
A mulher pergunta “por que você tem tanto ódio de gente morena?”. Ele responde “Porque eu tenho ódio, porque eu sou racista, porque eu não suporto negro! Eu tenho amigo negro, mas é amigo decente, não essa negrada do c… que é marrenta que nem tu”.
Em seguida, a mulher diz “Você não bata em mim”. Ele, então, tira o chinelo do pé, segura o calçado na mão, aproximando-se dela, e diz “Quer ver? Fala de novo! Fala de novo, sua macada do c…!”. Depois, afasta-se, joga o chinelo no chão e diz “demônio, desgraçada”.
CRIME
O policial será investigado por racismo, informou o delegado responsável pelo caso, Éder Matte. O policial militar da reserva se chama Hélio Martins, de 57 anos, e mora em São Ludgero, no Sul catarinense.
A corporação informou que o homem é um sargento da PM de Santa Catarina que está na reserva desde 9 de março de 2016.
“Todo Policial Militar, seja de ativa ou da reserva, deve seguir em conformidade com os dispositivos previstos no Regulamento Disciplinar da PMSC, Código Penal Militar e legislação penal geral. O caso identificado será encaminhado à Corregedoria-Geral da PMSC”, manifestou a PM em nota.
A PM também declarou que “repudia toda e qualquer tipo de violência contra a mulher ou vulnerável, bem como qualquer tipo de racismo”.
O delegado informou que a investigação busca identificar onde ocorreu e quando o caso. “Tudo indica que os fatos foram em São Ludgero. Essa mulher que gravou o vídeo, a princípio se apurou que ela é ex-mulher dele. Tudo indica que os fatos se deram na residência do casal, em São Ludgero”, afirmou.
O homem será investigado pelo artigo 20 da lei 7.716/1989, que diz que é crime praticar o preconceito racial. A pena prevista é de um a três anos de prisão e multa.
O investigado deve ser ouvido na próxima semana, assim como a mulher que fez a filmagem e outras pessoas que possam ajudar no inquérito. O delegado não soube informar se o homem tem antecedentes criminais.
Em relação à atitude do investigado de partir com chinelo na mão para cima da mulher, Matte esclareceu que “o crime de ameaça é condicionado à representação. A mulher ainda não nos procurou. A gente está fazendo contato com ela, até para a ouvir no inquérito. Se ela representar, tiver interesse que ele seja processado por esse crime de ameaça, ele vai ser apurado no inquérito também”. Em 2011, o Ministério Público de Santa Catarina denunciou Hélio Martins pelo crime de ameaça em ambiente familiar, mas ele foi absolvido.