Um vexame atrás do outro. Depois do protesto no hotel, da pizza na rua, dos gritos de assassino e da cobrança de Boris Johnson, Bill de Blasio espinafrou o negacionismo de Bolsonaro
Não podia terminar pior o primeiro dia da viagem de Bolsonaro a Nova Iorque para a reunião da ONU. O prefeito da cidade, Bill de Blasio, foi duro com o comportamento negacionista do “capitão cloroquina”.
“Precisamos mandar uma mensagem a todos os líderes mundiais, especialmente Bolsonaro, do Brasil, de que se você pretende vir aqui, você precisa ser vacinado. E se você não quer se vacinar, nem venha. Porque todos devem estar seguros juntos. Isso significa que todo mundo deve estar vacinado”, advertiu Blasio.
Depois de ter que entrar pela porta dos fundos no hotel onde se hospedaria, por causa de protestos na entrada, e ter sido impedido de entrar num restaurante por não usar máscara e não comprovar ter sido vacinado – sendo obrigado a comer pizza em pé na calçada -, Bolsonaro cometeu mais gafes e não soube o que dizer ao primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, quando foi cobrado sobre a imunização.
Manifestando, entre outras, a sua tradicional ignorância sanitária, Bolsonaro tentou explicar o motivo da recusa em ser imunizado. Disse que não precisava tomar vacina porque já tinha tido Covid. “Minha imunidade está muito alta porque eu já tive Covid”, repetia Bolsonaro, em total dissonância com o que preconizam as autoridades sanitárias de todo o mundo. A OMS, e até mesmo o Ministério da Saúde do Brasil indicam que quem teve Covid deve se vacinar.
Boris Johnson rebateu a justificativa de Bolsonaro afirmando que também tinha tido a Covid e, nem por isso, deixou de tomar as duas doses da vacina, como determinam as autoridades sanitárias. Bolsonaro, sem graça e sem ter o que dizer, persistia na negativa com o dedo.
“É uma ótima vacina. Obrigado, pessoal. Tomem vacinas da AstraZeneca!”, disse Johnson ao lado de Bolsonaro, um dos únicos chefes de Estado que vão participar da Assembleia Geral da ONU sem ter sido imunizado.
Em consequência de sua sabotagem às vacinas, Bolsonaro é investigado pela CPI da Pandemia pela morte de quase 600 mil brasileiros infectados pela Covid. Enquanto era cobrado pelo primeiro-ministro inglês, que aproveitava a ocasião para fazer propaganda da vacina feita por uma empresa da Inglaterra, a AstraZeneca, conhecida dos brasileiros, Bolsonaro ficava apenas balançando o dedo negativamente. Fez isso por três vezes, para surpresa de Johnson.
Sem respeitar as normas sanitárias dos EUA, Bolsonaro teve dificuldade até para conseguir almoçar. Tiveram que improvisar um cercadinho num restaurante brasileiro (foto abaixo). Bolsonaro almoçou na churrascaria brasileira Fogo de Chão, que improvisou uma área externa – cercada por uma grade e panos pretos que impediam a visão pelas pessoas que passavam na rua.
Tudo foi feito para que Bolsonaro e seu séquito driblassem as regras sanitárias do país e da cidade de Nova Iorque. De acordo com a BBC, após o almoço, Bolsonaro caminhou a pé pela 5ª Avenida até o hotel em que está hospedado e, no trajeto, foi xingado de “assassino” por pessoas que o identificaram, sem máscara juntamente com sua delegação.
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