As exportações de carne, incluindo bovinos, suínos e frangos, de janeiro a agosto deste ano, chegaram a 5,2 milhões de toneladas. No mesmo período de 2020, as exportações foram de 4,9 milhões. Com o preço médio da tonelada do produto 10,5% mais alto de um ano para o outro, em dólares o total de vendas em 2021 foi de 13,2 bilhões um aumento de 16,7% em relação aos 11,3 bilhões de faturamento no ano passado.
Enquanto o volume em toneladas cresceu 5,6%, em dólares o faturamento foi maior em 16,7%.
O óleo de soja teve um aumento de 6,43% de toneladas exportadas, com o preço da commoditie 72,4% maior que 2020 (US$ 1.160 por tonelada), as vendas atingiram 1,2 bilhão de dólar, ou seja, 83% a mais em termos de valor.
O país teve, também, entre outras commodities, aquelas que tiveram o volume físico reduzido, mas mesmo assim obtiveram faturamento maior de um ano para o outro.
É o caso da soja em grãos, principal produto do agronegócio brasileiro com exportações em 2020 de 74,6 milhões de toneladas, e de 72,7 milhões em 2021, ou seja uma redução de 2,5% no volume físico.
No entanto, o faturamento em dólares subiu em 25,1% atingindo a cifra extraordinária de 31,9 bilhões de dólares. Os preços subiram muito e as exportações, até em menores quantidades, não impediram aumento expressivo nos dólares obtidos.
Em entrevista à CNN Rádio em junho passado, o economista Marcos Jank, também professor do Insper, fez projeções de que 2021 será o melhor ano da exportação agrícola da história, com previsão de US$ 120 bilhões de dólares.
“A gente viu que os estoques internacionais estão muito baixos, o câmbio desvalorizado, a taxa de juros baixa e a logística funcionando bem. Tudo isso junto faz com que o ano de 2021 vá a ser o melhor ano da exportação agrícola, com aumento de quase 20% em relação ao ano passado”, enfatizou o professor.
Essa bonança que vivem as exportações agrícolas contrasta com o desabastecimento desses mesmos produtos no mercado interno. Aqui, a falta de planejamento de governo, diante da escalada dos preços internacionais, fizeram os produtos que fazem parte da mesa das famílias brasileiras explodiram.
125 milhões de brasileiros vivem insegurança alimentar
Enquanto isso, no mercado interno, os preços em julho, em relação a junho de 2020, dispararam: o óleo de soja subiu 87,3%, seguido pelo arroz (39,8%), carne dianteiro (40,6%), carne traseiro (32,9%), pernil (24,8%), frango congelado (30,8%), açúcar (32,6%), café (17,8%), ovo (12,4%), leite longa vida (10,9%) e feijão (5%), conforme a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Os mecanismos do livre mercado, como é frequente, criaram distorções e quem esta pagando a conta é o povo, em especial aquele de baixa renda, a grande maioria dos trabalhadores. Bolsonaro, diante da aflição da população com essa enxurrada de preços, mandou que as famílias comessem menos, numa situação em que mais de 125 milhões de brasileiros vivem insegurança alimentar e 19 milhões de famílias estão na pobreza extrema.
Tirar o “corpo fora”, jogar sobre qualquer outro suas próprias responsabilidades, é uma a ação temerosa e recorrente de Bolsonaro e de Guedes e sua equipe no Ministério da Economia.
A ação vigorosa do governo, de forma sistemática aos longos dos anos, na organização dos estoques reguladores, na gestão de preços mínimos, na criação de fundos de compensação, entre outros mecanismos, amplamente conhecidos e praticados mundo afora, poderia impedir ou amenizar a situação, mas foram simplesmente abandonados.
J.AMARO