O deputado estadual Paulo Fiorilo (PT-SP) anunciou no último domingo (26) que já conseguiu 33 assinaturas de colegas e irá protocolar o pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) junto à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), para investigar irregularidades cometidas pela Prevent Senior no estado.
A expectativa é que nesta segunda-feira (27), seja protocolado o pedido na Assembleia. É necessário um requerimento de um terço dos parlamentares (32 assinaturas) para o pedido de uma CPI, da qual já foram coletadas.
De acordo com Fiorilo, seu objetivo é se aprofundar nas denúncias recebidas pela comissão federal. “[Vamos] Investigar as denúncias sobre uso de Kit covid, as mortes por Covid não notificadas e a mudança de diagnóstico para retirar pacientes do isolamento”, afirmou.
Em entrevista ao portal Metrópoles, o governador João Doria afirmou que prestará apoio à CPI quando for instaurada. “Fui informado pela ALESP que deverá ser aberta uma CPI para proceder com a investigação de todos os procedimentos da Prevent Senior, e manifestei o apoio”, afirmou Doria.
A operadora de saúde está sendo investigada pela CPI da Covid, no Senado Federal. Ela ocultou mortes de pacientes com a doença durante estudo para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina.
A Prevent veio à tona na CPI da Covid por causa de uma denúncia de uma advogada que está representando um grupo de ex-médicos da empresa. Foi entregue um dossiê no qual aponta a operadora como um local no qual estariam realizando um estudo ilegal e sem autorização com a hidroxicloroquina e outros medicamentos do “Kit Covid”, amplamente defendido por Jair Bolsonaro e autoridades governamentais.
Na Prevent, o kit era prescrito a pacientes com sintomas gripais, ainda que sem diagnóstico de Covid-19, segundo os médicos que elaboraram o dossiê.
Os relatos indicam que a metodologia consistia em prescrever os remédios sem o consentimento dos pacientes, fato que é investigado pela CPI. De acordo com a denúncia, os profissionais da Prevent eram “controlados por gráficos que demonstravam o desempenho, induzindo a competitividade entre os médicos, que passaram a ter ‘metas’ de prescrição de medicamentos”.
Esses gráficos eram distribuídos internamente em grupos no WhatsApp por um dos diretores da Prevent, o cardiologista Rodrigo Esper, como forma de tentar engajar a equipe, aponta.
Além da política de estímulo, a direção ainda fazia cobranças aos médicos quando os resultados não estavam agradando, afirma.
A denúncia entregue à CPI afirma que as diretrizes passadas pela direção-executiva e pela clínica médica deveriam ser interpretadas como ordens, porque, caso fossem descumpridas, a consequência era a demissão. Segundo relatos, diz o dossiê, o ambiente era de “ameaças e hostilidade”.
“Perante a política de pejotização adotada pela empresa, as diretrizes são transmitidas aos médicos pelo aplicativo WhatsApp, uma vez que essa metodologia informal, em tese, reduziria o risco de possíveis demandas judiciais”, cita.
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) iniciou uma força-tarefa para investigar as suspeitas contra a Prevent. A iniciativa foi da Procuradoria Geral de Justiça, com coordenação de Mário Sarrubbo e tramita no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) concomitantemente.
Em São Paulo, Doria determinou que o secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, avance numa “fiscalização rigorosa” sobre a Prevent Senior e sua atuação durante a pandemia.
“Independentemente disso, a orientação dada ao secretário da Saúde é para iniciar imediatamente verificações sobre procedimentos apresentados na CPI do Congresso Nacional, que demonstram procedimentos irregulares da Prevent Senior”, afirmou o governador.
Na última quinta (23), a CPI do Senado aprovou a convocação de Gorinchteyn, a pedido do senador Eduardo Girão (Podemos-CE). O senador quer questionar o secretário de Saúde de São Paulo sobre a possibilidade de subnotificação e supernotificação de casos de Covid-19 no estado.