Setor de alimentos tombou 5,5% apenas de um mês para o outro, aponta o IBGE
A produção industrial brasileira caiu -0,8% em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), contrariando a pretensa campanha de recuperação e estabilidade promovida por Temer e sua equipe econômica.
A queda observada frente a julho foi causada principalmente pela produção do setor de alimentos, que tombou, apenas de um mês para o outro, -5,5%.
Isso demonstra não só que a atividade produtiva continua no fundo do poço, mas que os brasileiros estão consumindo menos produtos de primeira necessidade. Em síntese, demonstra que o país continua em recessão.
A pesquisa do IBGE ressalta ainda que a produção da indústria encontra-se 17,8% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013. Ou seja, a crise econômica provocada pela política de Dilma/Temer de investimento zero (inclusive o público) foi responsável por um perverso processo de desindustrialização no Brasil, que na prática se reflete na quebradeira de empresas e fechamento de portas de indústrias.
Seguindo a ordem de contribuição para a queda mensal, o setor de máquinas e equipamentos caiu -3,8% de julho para agosto – o que demonstra que o setor produtivo não está investindo e, portanto, está longe de qualquer “recuperação”. A produção de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis também teve contribuição importante para o resultado de agosto, com queda de -1,6%; seguida pela indústria extrativa, que recuou -1,1%.
De acordo com análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), a queda de -0,8% frente a julho, já descontados os efeitos sazonais, “não é desprezível e mostra a fragilidade que a indústria ainda está sujeita”.
Contudo, não demorou que “analistas de mercado” começassem a dar a notícia de queda como um breve “soluço” da indústria. O destaque de alguns noticiários e da imprensa oficial foi o crescimento de 4% na comparação com o mesmo mês do ano passado e no acumulado no ano, de 3,3%.
É o Iedi que destaca, porém, o caráter sazonal da variação positiva, já que, além de comparada a uma base deprimidíssima, foi baseada no crescimento quase que exclusivamente na produção de automóveis para fins de exportação (+33,3%) e dos desdobramentos da supersafra agrícola do primeiro semestre deste ano.
“Dentre estes fatores, destaca-se a supersafra agrícola, a liberação dos recursos do FGTS, e a ampliação das exportações de manufaturados, muito embora esta esteja fortemente concentrada na cadeia automobilística, restringido sua capacidade de dinamização do parque industrial como um todo. Seria necessário agora que outros fatores venham substituir todos esses que tendem a se enfraquecer”, diz a análise do Iedi.
Enquanto baseamos o nosso desenvolvimento econômico no desempenho das montadoras multinacionais e no setor agrícola e primário – e também exportador – o setor produtivo vive as consequências de uma das piores recessões da história do país, com desdobramentos perversos para o povo: apenas no último ano, mais de 1,1 milhão de pessoas perderam seus empregos, apurou o IBGE.
PRISCILA CASALE