O governo Bolsonaro voltou a permitir o corte de energia elétrica dos mais pobres – mesmo com a explosão da inflação, do desemprego e ainda enfrentando a pandemia.
Desde abril do ano passado, o corte do fornecimento de energia para famílias de baixa renda inadimplentes estava suspenso já que milhões de pessoas ficaram sem renda e trabalho em consequência da Covid-19. A suspensão do corte beneficiou 12 milhões de pessoas, que a partir de sexta-feira (1) voltaram a estar sujeitas a ficar sem luz, justamente no momento em que as tarifas extras de energia elevam o valor das contas e o auxílio emergencial terá fim. As regras preveem que as distribuidoras podem interromper o fornecimento a partir do 15º dia de não pagamento.
Diante do cenário de falta de chuvas e investimentos, o governo federal criou através da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) a bandeira tarifária “escassez hídrica”, que acrescenta R$ 14,20 nas contas de luz a cada 100 kWh consumidos.
Para os beneficiários da tarifa social, ficará em vigência a bandeira vermelha patamar 2, que adiciona R$ 9,49 de taxa extra.
O custo da energia elétrica é um dos itens que mais tem pressionado a inflação do país nos últimos meses. De acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), que monitora a inflação, o preço da luz subiu 21,08% nos últimos 12 meses.
O Brasil tem hoje 14,1 milhões de desempregados e 5,4 milhões de desalentados segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas não é apenas quem está sem trabalho que sofre com a carestia, já que a inflação bate os 10% no acumulado dos últimos 12 meses influenciada por preços que deveriam, justamente, ser administrados pelo governo: alimentos, botijão de gás e gasolina – além da energia elétrica.