A secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, também conhecida como ‘Capitã cloroquina’, registrou um boletim de ocorrência contra o chefe de gabinete do Ministério da Saúde, João Lopes de Araújo Júnior, por tê-la acusado de estar conspirando para a queda do ministro Marcelo Queiroga.
Em mensagens trocadas pelo celular, João Lopes de Araújo disse que sabia da conspiração de Mayra para derrubar Marcelo Queiroga.
Para ele, Mayra “está cometendo um crime” e “não tem qualquer lealdade ao ministro”.
O chefe de gabinete de Queiroga disse que conhece a ligação entre a capitã cloroquina e o ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, e sabe de “todos os nomes envolvidos nessa tentativa de retirada do ministro [Queiroga]”.
O Boletim de Ocorrência registrado por Mayra cita uma ameaça feita por João Araújo. Nas mensagens, ele diz para ela “se preparar”, porque “vai ver a mão de Deus” sobre ela.
Mayra Pinheiro ficou conhecida por conta de sua atuação para que o chamado “tratamento precoce”, que utiliza inutilmente cloroquina e outros medicamentos sem eficácia em pacientes com Covid-19, fosse mais utilizado pelo Ministério da Saúde.
Ela foi ouvida na CPI da Pandemia por ter sido a responsável pela produção do aplicativo TrateCov, lançado em Manaus durante o pior momento da pandemia na cidade, que orientava os médicos a darem cloroquina para todos os pacientes com coronavírus, independente da idade ou qualquer outro fator.
De acordo com fontes do Ministério da Saúde ouvidas pela CBN, o conflito entre Mayra e Queiroga existe porque o ministro não tem dado celeridade à “ideia” de Jair Bolsonaro de desobrigar as pessoas a usarem máscara para se proteger do coronavírus.
Queiroga, que assumiu o Ministério dizendo que o Brasil seria a “pátria de máscara”, tomou muitas atitudes negacionistas nos últimos meses.
Ele falou publicamente que, a pedido de Jair Bolsonaro, o Ministério iria começar um estudo para que o uso de máscara deixasse de ser obrigatório.
Outra proposta de Bolsonaro que foi acatada por Marcelo Queiroga foi de suspender a vacinação dos adolescentes no país. Depois da reação negativa da sociedade e dos governadores, o ministro foi obrigado a recuar.
Na quinta-feira (7), a CPI da Pandemia aprovou a sua reconvocação para que seja questionado sobre essas atitudes anticientíficas e que atrapalham o combate à pandemia no país.