Em discurso pelo 110º aniversário do início da Revolução Xinhai, que fundou a primeira República Chinesa e encerrou 2.000 anos de dinastia imperial, o presidente Xi Jinping disse no sábado (9) que “não será tolerada” qualquer intromissão estrangeira na questão de Taiwan e que “a tarefa histórica da reunificação completa da pátria mãe deve ser cumprida e definitivamente será cumprida”.
“Alcançar a reunificação da pátria por meios pacíficos é do interesse geral da nação chinesa, incluindo os compatriotas de Taiwan”, declarou Xi no enorme Palácio do Povo em Pequim, com um retrato de Sun Yat-sen ao fundo, o líder da primeira República.
“Compatriotas de ambos os lados do Estreito de Taiwan devem ficar do lado certo da história e dar as mãos para alcançar a reunificação completa da China e o rejuvenescimento da nação chinesa”, sublinhou.
“Ninguém deve subestimar a determinação e a capacidade poderosa do povo chinês de defender a soberania nacional e a integridade territorial”, afirmou o presidente, reiterando que Taiwan “é um assunto totalmente interno para a China”.
Dirigindo-se à corriola do DPP [Partido Democrático Popular], atualmente no poder em Taipei e que almeja servir de gauleiter ao imperialismo e promover a secessão, Xi advertiu que “qualquer um que pretenda trair e separar o país será reprimido pelo povo e julgado pela história”, seguindo-se intensos aplausos.
A Revolução de 1911, encabeçada por Sun Yat-sen, abriu caminho para profundas mudanças sociais e emancipação ideológica. Em seu discurso, Sun foi saudado por Xi como um grande herói nacional, patriota e um grande pioneiro da revolução democrática da China.
A aspiração de revitalização nacional profundamente sustentada por Sun, o anseio por um futuro brilhante para a nação chinesa que foi acalentado pelos pioneiros da Revolução e o grande sonho pelo qual o povo chinês aspirou e lutou nos tempos modernos tornou-se ou está se tornando realidade, disse Xi.
Sun é o pai fundador do Kuomintang (KMT) e da República da China (1912-1949) e, após sua morte, seu sucessor Chiang Kai-shek traiu a revolução e a política da Sun de trabalhar com o PCCh, e lançou massacres e uma guerra civil contra o Partido Comunista da China (PCCh).
Os comunistas chineses foram os apoiadores mais firmes, parceiros leais e sucessores fiéis de Sun, acrescentou Xi, observando que a reunificação completa será realizada junto com o rejuvenescimento nacional do país.
Com a vitória em 1949, o KMT se deslocou para Taiwan, sob proteção da frota norte-americana, e durante mais de duas décadas inclusive ocupou o assento da China no Conselho de Segurança da ONU, e nome do “Uma só China” até que na década seguinte foi restaurado o governo de Pequim como legítimo representante do povo chinês.
Esse princípio de “Uma Só China” tem sido a pedra angular da política externa chinesa, e formalmente reconhecido por Washington, para a normalização das relações. Taiwan havia sido subtraída – à semelhança de Hong Kong – no “século de humilhação”, mas o Japão teve de se retirar com a derrota na II Guerra.
Analistas consideraram o discurso de Xi um sinal forte e claro ao grupo secessionista na ilha e às forças estrangeiras que estão apoiando ou encorajando o separatismo, de que a pátria chinesa tem força e determinação para cumprir com essa esperança comum da nação inteira.
Ouvido pelo Global Times, Huang Chih-hsien, de Taiwan e que testemunhou o discurso de Xi no Grande Salão do Povo, disse que “foi verdadeiramente tocante quando vi que o continente estava sinceramente comemorando Sun e a Revolução de 1911, enquanto as autoridades de Taiwan estão tentando esquecer ou ficar longe de Sun e seus ideais políticos, algumas delas até mesmo tentando cortar os laços com o continente chinês e a nação chinesa.”
Para um especialista ouvido sob anonimato pelo GT, o PCCh e o continente chinês mostraram repetidamente “grande paciência e sinceridade para resolver a questão de Taiwan de forma pacífica”, e que a última observação de Xi também está sinalizando para os compatriotas em Taiwan, bem como para a comunidade internacional, que “a sinceridade política do continente permanece a mesma até agora”. Mas, advertiu, a situação atual “é como um velho ditado na China: ‘As árvores preferem a quietude, mas o vento não pára’”.