Na época da campanha, o botijão estava a R$ 70. Ele enchia a boca para dizer que ia reduzir o preço pela metade. Cometeu estelionato eleitoral. Está entregando por um preço quatro vezes maior do que prometeu
Jair Bolsonaro, com sua sabotagem às vacinas e à ciência, foi desastroso no combate à pandemia de Covid-19. Elevou o Brasil à triste condição de campeão mundial em número de mortos da doença por milhão de habitantes e o segundo do mundo em número absoluto de óbitos, com mais de 600 mil vítimas fatais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
GOVERNO É UM DESASTRE NA COVID E NA ECONOMIA
Mas, é na economia onde seu governo mostrou-se ainda mais inútil, insensível e destrutivo. Os mais de 30 milhões de desempregados e subempregados do país passaram a ser atingidos em cheio também pela explosão dos preços dos alimentos, da energia elétrica, dos combustíveis e do gás de cozinha. Bolsonaro havia prometido em sua campanha eleitoral de 2018 que entregaria o gás de cozinha a R$ 35. Na ocasião, ele custava R$ 70. Hoje, o gás de cozinha está sendo vendido em algumas regiões a R$ 135.
Ou seja, ele prometia reduzir o preço do gás à metade e, simplesmente, dobrou o seu valor. Só entre julho de 2020 e julho de 2021, o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) subiu 29,44%, ou quase três vezes mais que os 9,85% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias com renda mensal entre um e cinco salários mínimos. A gasolina nas refinarias teve aumento de 51% ao longo do ano de 2021. A alta de preços da gasolina e diesel na bomba chegou a 35,5% no ano, diz ANP.
Durante a campanha, ele prometia também que o litro da gasolina não passaria de R$ 2,50. O preço do litro da gasolina comum na bomba já passa de R$ 6 e, em alguns postos, já chega a R$ 7, como no Acre, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Tocantins. A informação é da pesquisa de preços da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada em agosto.
Pesquisa realizada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), entre o período de 3 a 9 de outubro, confirmou que o preço do gás de cozinha já chegou a R$ 135 em algumas localidades. Esse preço já é cobrado na cidade de Sinop, no Mato Grosso, região Centro-Oeste. A média do preço na maioria dos estados brasileiros é de R$ 100, praticamente metade do Bolsa Família. Veja abaixo os preços do botijão de gás por região.
PREÇOS DOS ALIMENTOS DISPARARAM
Os preços de alimentos também estão descontrolados no governo Bolsonaro. A inflação está em mais de 10%. Pouca gente segue comendo carnes vermelhas. A fome já bate às portas de milhões de famílias. Muita gente já está disputando ossos e pés de galinha nos açougues para fazer sopa e poder alimentar sua família. O gás de cozinha custando entre R$ 100 e R$ 135 está levando boa parte da população a retroceder para o fogão à lenha. Não satisfeito com a desgraça, Bolsonaro, recentemente, sugeriu também aos brasileiros que evitassem usar elevador, ou seja, subissem pelas escadas e tomassem banho frio.
Tudo muito diferente do que ele dizia que ia fazer pelo Brasil. Bolsonaro é um mentiroso contumaz. O cartaz de sua campanha sobre o gás de cozinha é bem eloquente de sua demagogia. Enchia a boca para dizer que ele custaria R$ 35 em seu governo. Era uma mentira, um estelionato eleitoral. O preço do gás de cozinha praticamente dobrou em relação ao que custava quando ele prometeu que ia baixá-lo para R$ 35.
Tanto o preço do gás como dos combustíveis explodiram porque ele manteve a criminosa política de preços da Petrobrás atrelados ao dólar e ao preço do barril de petróleo na bolsa de Chicago. Os dois preços estão em disparada.
Manter a estupidez de atrelar os preços internos dos combustíveis às variações do dólar e do barril do petróleo pelo mundo, política que vinha desde 2015 e que foi institucionalizada em 2016, com a gestão Pedro Parente na Petrobrás, foi um “suicídio econômico”, como disse nesta quinta-feira (14) a Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás). Leia o manifesto nesta edição.
Essa política desastrosa já tinha levado o país ao colapso econômico em 2018, que resultou na importante greve dos caminhoneiros. O Brasil não tinha porque cobrar gasolina e gás em dólar porque dispõe de petróleo suficiente dentro do país e de um parque de refino em plenas condições de atender ao consumo dos brasileiros a um preço justo.
Este atrelamento absurdo à especulação internacional joga os preços dos combustíveis nas nuvens e está provocando o estrangulamento da economia e dos consumidores brasileiros. Essa política, chamada de PPI (Paridade de Preços Internacionais), só beneficia os importadores privados de gasolina, gás de cozinha e óleo diesel.
ATRELAMENTO AO DÓLAR JOGA PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS NA LUA
Esses grupos, ligados às petroleiras estrangeiras, pressionam a Petrobrás a aumentar seus preços para seguir ganhando muito dinheiro, deslocando as refinarias da Petrobrás e ocupando o mercado nacional com o produto importado por eles das refinarias americanas.
Agora mesmo, nesta quinta-feira (14), eles estão dizendo na mídia, através da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), porta-voz do cartel, que há uma defasagem de 17% nos preços da Petrobrás. Ou seja, se depender do governo Bolsonaro, vem mais aumento de combustíveis por aí.
As refinarias da Petrobrás obedecem às ordens do governo e da direção entreguista da estatal e cobram preços dolarizados. Com isso, elas perdem mercado e ficam ociosas. Cerca de 25% das refinarias brasileiras estão ociosas, enquanto o país fica dependente de importação.
“No mês de agosto, nós passamos a importar muita gasolina, principalmente diesel e a gente chegou a um dispêndio de mais de 800 milhões de dólares no mês de agosto”, denunciou Paulo Cesar Lima, ex-engenheiro da Petrobrás e ex-consultor legislativo. “Só com o diesel nós temos um dispêndio enorme. A consequência são baixíssimos fatores de utilização das refinarias”, prosseguiu o especialista.
Na opinião do ex-consultor legislativo, a direção da Petrobrás e o governo prejudicam suas próprias refinarias, retirando-as do mercado por conta do PPI, para valorizar ativos e atrair compradores para as refinarias. Mantendo preços altos e atrelados ao mercado internacional, eles tornam atrativas as refinarias que eles querem privatizar. “Quando o governo fala que vai praticar o PPI ele valoriza os ativos da Petrobrás, os terminais, os dutos e a refinaria que ela está vendendo sem licitação. Na minha visão ilegalmente e inconstitucionalmente”, afirmou Paulo Cesar.
O economista Fernando de Aquino, coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon), afirma que um dos fatores que vem pressionando o preço do gás e de outros itens na economia brasileira é a desvalorização do real frente ao dólar. “Com a nova política, se tem uma desvalorização da moeda [nacional], o gás fica mais caro. São duas coisas que influenciam, o preço [do GLP] lá fora, em dólar, e a taxa de câmbio [interna]”, explica.
MAIS POBRES SÃO OS QUE MAIS SOFREM
Para Fernando Aquino, os aumentos sucessivos são especialmente cruéis para as famílias de baixa renda. “As pessoas de baixa renda se ressentem muito do aumento do gás, pois é um item que não tem como substituir. Às vezes tem o carvão, que é mais complicado operacionalmente, ou então tem de pagar o gás mesmo. Quando é um aumento da carne, a pessoa deixa de comprar por um tempo, troca por carne moída, ovo”, exemplifica.
Na avaliação do economista, repassar as oscilações de preços do mercado internacional ao consumidor final não se justifica. “Se você tem uma empresa estatal que não é usada para fazer política econômica, que funciona igual a uma empresa privada, então não precisa ser estatal. O governo tem empresas estatais para ajudar na política econômica. Como os banco estatais, que emprestam a setores aos quais os bancos privados não querem empresar. Essa questão do gás, tem que analisar do ponto de vista de manter um preço acessível para as classes de baixa renda.”, diz.
Diante da tragédia social, consequência da submissão de Bolsonaro aos interesses de multinacionais e de grupos de empresas importadoras de combustíveis, estados como o Pará, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e o Distrito Federal estão oferecendo às sua populações uma ajuda capaz de custear integral ou parcialmente o valor do gás de cozinha.
Média de valor do botijão por estado
Centro-Oeste
Distrito Federal: R$ 114,99;
Mato Grosso: R$ 135,00;
Goiás; R$ 117,00;
Mato Grosso do Sul: R$ 105,00;
Nordeste
Ceará: R$ 110,00;
Rio Grande do Norte: R$ 110,00;
Sergipe: R$ 95,00;
Bahia: R$ 110,00;
Pernambuco: R$ 105,00;
Alagoas: R$ 96,00;
Paraíba: R$ 110,00;
Piauí: R$ 115,00;
Maranhão: R$ 95,00;
Norte
Amapá R$ 117,00;
Pará R$ 120,00
Roraima R$ 115,00;
Rondônia R$ 121,00;
Acre: R$ 120,00;
Amazonas: R$ 115,00;
Tocantins: R$ 115,00;
Sudeste
Minas Gerais: R$ 120,00;
Espírito Santo: R$ 110,00;
Rio de Janeiro: R$ 105,00;
São Paulo: R$ 120,00;
Sul
Santa Catarina R$ 120,00;
Paraná R$ 125,00;
Rio Grande do Sul R$ 125,00.