Enquanto isso, na outra ponta, a indústria e comércio regridem e os brasileiros ficam cada vez mais pobres e endividados
Os bancos obtiveram lucros de R$ 62 bilhões no primeiro semestre. Esse resultado representa 53% acima dos lucros obtidos no mesmo período em 2020 e voltam a ter uma rentabilidade sobre o patrimônio líquido aos altos percentuais anteriores à pandemia.
“Em termos de Covid-19, a não ser que surja nova cepa, eu diria que o estresse causado pela pandemia passou”, disse o diretor de Fiscalização do Banco Central (BC), Paulo Souza, ao divulgar o relatório do BC nesta segunda-feira (18).
Esse cenário bastante favorável para o sistema financeiro contrasta com o resultado da indústria, por exemplo, quando a produção industrial de agosto ficou 2,9% abaixo do patamar de fevereiro do ano passado, no cenário pré-pandemia, conforme o IBGE.
E do comércio, que também viu as vendas desabarem 3,1% em agosto, na comparação com julho. Frente a agosto do ano passado, as vendas recuaram 4,1%. O patamar de vendas do setor retrocedeu ao nível de julho de 2020, segundo o IBGE.
O endividamento bateu recorde em junho, com 59,9% das famílias endividadas. O dado, calculado desde janeiro de 2005, pelo BC, considera o estoque dos financiamentos das famílias com relação à renda em 12 meses.
Enquanto o setor financeiro vai muito bem, o setor produtivo e as famílias brasileiras amargam uma grave crise econômica somada a uma inflação explosiva, provocada pelo governo, que tira a comida da mesa do povo e lança milhões no desemprego.
Reportagens da imprensa e vídeos circulando na internet trazem cenas aterrorizantes de pessoas disputando rejeitos de comida em lixões e onde mais podem conseguir qualquer coisa para comer.
Num deles, mulheres se lançam na caçamba de caminhão que recolhe o lixo de um supermercado no Bairro Cocó, em Fortaleza, buscando a comida descartada.
“Eram catadores que procuravam material para ser reciclado. Hoje o que vemos aqui é gente atrás de se alimentar. Eles pegam tudo. Hortaliças, mortadela, pão vencido e também as frutas. Uma cena de cortar o coração”, lamenta um funcionário.
As taxas de juros praticadas pelos bancos no Brasil, reconhecidamente as mais altas do mundo, não sofreram nenhuma mudança significativa durante todo o período de pandemia, ainda não definitivamente controlada. E mais recentemente, com a retomada do aumento da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central, as taxas de juros voltaram a subir, nos empréstimos, nos cartões de créditos, no cheque especial e nos financiamentos da casa própria.
Durante a pandemia, enquanto empresas fecharam suas portas, faliram, famílias perderam o emprego e ficaram sem renda, os bancos foram blindados com os recursos liberados pelo Banco Central, R$ 1,2 trilhão para o crédito e que ficaram empoçados e não chegaram na ponta.