Os representantes do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central (BC) para a elaboração do boletim semanal Focus rebaixaram pela quarta vez consecutiva a previsão de crescimento da economia para 2018.
No relatório divulgado nesta segunda-feira (23), a previsão de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do país passou de 2,76% para 2,75%. O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e é usado como medidor da evolução da economia. Após os tombos de 3,5% em 2015 e de 3,5% em 2016, o PIB do Brasil encerrou 2017 com uma variação positiva de 1% – nem de perto o suficiente para repor as perdas anteriores e muito menos um sinal de recuperação consistente da economia, como diz o governo.
O boletim Focus, apesar dos reajustes seguidos para baixo, revela um otimismo pouco fundamentado do mercado financeiro para com a realidade do país – ainda em plena recessão. Segundo o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que funciona como uma espécie de “prévia do PIB”, a economia sofreu retração de 0,6% em janeiro e teve variação praticamente nula, de 0,1% em fevereiro deste ano. Nesse ritmo, um PIB positivo em 2018 é uma realidade impensável.
“Os resultados tanto de janeiro como de fevereiro mostram que o ano começou com o pé esquerdo”, avaliou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Econômico (IEDI), registrando que setores importantes da economia, como a indústria e os serviços, tiveram quedas em janeiro e praticamente não saíram do lugar em fevereiro. “Como os resultados foram todos muito próximos de zero, não é exagero afirmar que o quadro econômico geral em fevereiro foi de paralisia”, comenta o instituto.