Jorge Venâncio organizou uma vaquinha virtual para custear a sua defesa após ser acionado judicialmente pelo autor do estudo irregular com proxalutamida que teve 31% de mortalidade no Amazonas
O médico e coordenador da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), Jorge Venâncio, denuncia a perseguição que sofre após o órgão vinculado ao Conselho Nacional de Saúde apontar irregularidades em pesquisa com o medicamento proxalutamida no tratamento de paciente com Covid-19 que resultou na morte de 200 pessoas no Amazonas.
Venâncio organizou uma vaquinha virtual para custear a sua defesa após ser pessoalmente acionado judicialmente pelo autor do estudo irregular que teve 31% de mortalidade no Amazonas, Flávio Cadegiani.
O estudo sem autorização sofreu uma representação da Conep junto ao Ministério Público Federal e acabou baseando a CPI da Covid no Senado Federal para apontar as falhas graves que ocorreram na pesquisa com 200 mortes.
“O pesquisador, ao invés de discutir o mérito dos fatos, prefere utilizar o seu poder econômico para levar o caso a Justiça sem nenhuma base. Por isso, decidimos fazer a vaquinha para enfrentar a ação”, declarou Jorge Venâncio ao HP.
Jorge Venâncio também agradeceu a solidariedade dos setores médicos, científicos e trabalhadores, tendo êxito na arrecadação necessária para enfrentar a interpelação judicial e comemorou o resultado da vaquinha “ultrapassou todas as expectativas, muita solidariedade do Conselho Nacional de Saúde, da comunidade científica, dos colegas médicos, do movimento sindical, dos mais diversos setores”.
A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) manifestou solidariedade com Venâncio e conclamou seus dirigentes, militantes e amigos para colaborar na vaquinha online.
“Cadegiani ataca Jorge Venâncio de forma deliberada. Mas o que está em jogo, além da integridade do coordenador da Conep, é também a luta contra o negacionismo e em defesa da ciência. Por tudo isso, a CTB aderiu à vaquinha virtual. É hora de prestar solidariedade a Jorge Venâncio e à ciência!”, disse a central sindical, em nota.
Para apoiar a vaquinha virtual, acesse:
Estudo irregular
O uso da proxalutamida como tratamento experimental contra a covid-19 foi realizado pela Clínica de Endocrinologia Flávio Cadegiani, de Brasília. Essa medicação ainda não está aprovada para venda no Brasil, mas foi utilizada por médicos em doentes atingidos pelo coronavírus. Segundo a Conep, 200 pacientes, num universo de 645, incluídos no estudo, morreram.
A pesquisa apoiada e patrocinada pelo Grupo Samel, rede de hospitais e planos de saúde, foi considerada por pesquisadores da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como uma “violação aos direitos humanos” e um dos “mais graves e sérios episódios de infração ética” da história da América Latina.
Leia mais: