
A morte de Marília Mendonça em acidente aéreo nesta sexta-feira (05) comoveu o país. Conhecida como a “Rainha da Sofrência”, a cantora de 26 anos, deixa um filho de um ano e 10 meses, uma carreira de sucessos e marcada pelo carinho dos brasileiros.
Por todo o país a população se entristeceu com a morte precoce da cantora. Em diversas localidades os fãs se reúnem para homenagear a memória de Marília Mendonça. O enterro da cantora está marcado para as 16:30 deste sábado.

Além da cantora, também faleceram o produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, o piloto Geraldo Martins de Medeiros, e o co-piloto do avião, Tarcísio Pessoa Viana. O Corpo de Bombeiros confirmou a informação através de uma nota enviada para a imprensa. Inicialmente, a assessoria da cantora chegou a divulgar que todas as pessoas que estavam no avião tinham sido resgatadas e que estavam bem. Entretanto, horas depois voltou atrás e confirmou os óbitos.
O ginásio Goiânia Arena, na capital de Goiás, foi o local escolhido pela família para o velório da cantora e uma multidão forma uma fila quilométrica desde a manhã deste sábado (06) para a despedida.

Marília foi a artista mais ouvida do Brasil em 2019 e 2020, de acordo com dados do aplicativos de streaming. Ela é uma das artistas mais reconhecidas atualmente e com grande relevância internacional. No Youtube, seus clipes somam 13,9 bilhões de visualizações.
A cantora tem 46 vídeos com mais de 100 milhões de visualizações. O mais popular é o da música “Infiel“, um de seus maiores sucessos, com 546 milhões de acessos.
Ainda no YouTube, a cantora quebrou a incrível marca de live mais assistida de 2020: com 3,31 milhões de webespectadores simultâneos.
Marília ganhou em 2019 o Grammy Latino pelo melhor álbum de música sertaneja, por seu projeto “Em todos os cantos”. A artista também tem 3 Prêmios Multishow, uma das principais premiações da música brasileira.
Defesa das Mulheres
Marília sempre se colocou na defesa dos direitos das mulheres, trazendo em suas letras a força feminina e uma postura contra relacionamentos abusivos.
Após a repercussão do caso de violência doméstica em que DJ Ivis aparece agredindo a ex-esposa, Pamella Holanda, Marília Mendonça e as cantoras Maiara e Maraisa lançaram uma música contra o machismo e a violência contra a mulher. As sertanejas, que juntas tinham o projeto ‘As Patroas’ publicaram nas redes sociais um vídeo cantando um trecho da canção, que teve o lançamento adiantado.
“No dia que escutamos ela (música), choramos as três. Estávamos preparando um trabalho especial para essa música de conscientização sobre a importância da denúncia contra a agressão a mulher, justamente por saber que somos referências pra muitas no Brasil, que passam todos os dias por situações parecidas e por muitas vezes se sentem desencorajadas a denunciar”, explicou Marília na legenda da postagem.
“Não deu pra esperar. Não temos mais tempo. Estamos aqui com você. Ligue 180 e denuncie! Você não está sozinha”, finalizou.
A letra da música diz: Tire suas mãos de mim / Quando eu te conheci você não era assim / Não te devo explicações de nada / Não tenho medo da sua ameaça / É que pra você é só ciúmes / Mas isso é doença e você não assume / Seu amor é mal acostumado a gritar e proibir.
Em 2018, Marília foi uma das únicas sertanejas a se posicionar publicamente contra a eleição de Bolsonaro. Na ocasião, a artista aderiu à campanha #EleNão em vídeo publicado no Instagram.
“Não é uma questão de opção política, é uma questão de bom senso! A favor do amor e das nossas conquistas que não podem ser apagadas assim”, escreveu.
Em entrevista ao site PopLine em setembro de 2018, a cantora também havia reafirmado seu posicionamento: “Eu sou uma pessoa que defendo a autenticidade, da mulher ser quem ela quer ser. Não importa se quer ser caminhoneira, cantora, bombeira… Defendo a independência da mulher. Então, com certeza, Marília Mendonça é #EleNão”.
Destroços sugerem colisão com antena, diz polícia
A Polícia Civil afirmou, em entrevista coletiva na noite desta sexta-feira, que não têm condições de determinar a causa do acidente aéreo, mas encontrou destroços de uma antena de energia elétrica no local da queda da aeronave. “A gente não pode falar sobre a causa do acidente. Há destroços de uma antena que sugere que o avião tenha colidido com essa antena”, afirmou Ivan Salles, delegado regional da Polícia Civil de Caratinga.
“A perícia compareceu ao local e fez os trabalhos. Amanhã continuam os trabalhos. Cabe à Polícia Civil acionar a Cenipa para saber as causas do acidente”, completou.

Os policiais também foram cautelosos em relação à causa da morte dos ocupantes. “Foi um acidente com uma energia de grande impacto, que causou diversos traumas nos ocupantes”, diz o médico legista Pedro Fernandes.
O avião que transportava a cantora Marília Mendonça e mais quatro pessoas atingiu cabos de uma torre de alta tensão antes de cair em Caratinga, Minas Gerais, nesta sexta-feira. A informação foi confirmada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Mais cedo, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), anunciou que vai investigar o caso.
A sertaneja estava em um bimotor Beech Aircraft, da PEC Táxi Aéreo, de Goiás, prefixo PT-ONJ, que tinha capacidade para seis passageiros. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião tinha autorização para fazer táxi aéreo e estava em situação regular.
Pilotos evitam voar pela área
“Aquela é uma área que todos os pilotos evitam voar. A gente não sabe por que ele decidiu ir por ali”, comenta Rafael Lacerda, que trabalha há dez anos sobrevoando a área de Caratinga, no interior de Minas Gerais, após a queda do avião. No início desta tarde, ele comandava um voo que partiu de Viçosa com destino ao município, aterrissando cinco minutos após a previsão de chegada da tripulação que levava a cantora.
Lacerda conta que usava uma frequência de rádio aberta pouco antes de chegar a Caratinga e conseguiu ouvir o piloto que transportava Marília Mendonça dando as instruções para o pouso.
“Ele reportou duas vezes que tinha ingressado na perna do vento, um procedimento que a gente usa para pousar. Só ouvi isso e, depois, mais nada. Aparentemente, o avião não estava em pane”, relata.
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) confirmou em nota que o avião da cantora atingiu um cabo de uma torre de distribuição da companhia, mas não deixou claro qual seria o papel desse choque para a queda da aeronave. Segundo Lacerda, os fios naquela região costumam atrapalhar o pouso, a ponto de ela ser evitada por quem conhece a área.
“Para nós que estamos acostumados, os fios não chegam a atrapalhar. Mas eles estão em um setor de muita aproximação e com o relevo muito alto, então é uma área que todos os pilotos evitam”, relata. “Quando eu pousei, passei por cima do local do acidente e não percebi o avião ali.” Lacerda explica ainda que o tempo estava claro, com céu aberto, e o sol em uma posição “que não atrapalhava a visualização dos fios”.
“A gente coordenou o pouso com ele, porque aterrissaríamos em um horário muito próximo. Eles estavam a um minuto do pouso”, conta Glauco Souza, de 44 anos, que também estava a bordo do avião pilotado por Lacerda. “Só soubemos que ele caiu quando pousamos e vimos que ele não estava no aeroporto. Não ouvimos barulho, não vimos fumaça, sobrevoamos ali e não percebemos.”