Com apenas 8,4 mil habitantes, a cidade alagoana de Barra de São Miguel foi agraciada com a destinação de R$ 3,8 milhões provenientes de emendas do relator.
O pequeno município é comandado pelo prefeito Benedito de Lira (PP), pai do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL).
A cidade vizinha, Jequiá da Praia, que tem quase 12 mil habitantes, não recebe emendas da União desde 2019, mesmo ano em que começou a prática do “orçamento paralelo”.
Nesse tipo de emenda, o parlamentar que é nomeado relator do orçamento tem o poder de encaminhar aos ministérios sugestões de aplicações de recursos públicos. Na prática, a destinação das verbas para obras, aquisição de equipamentos e serviços é definida em acertos informais entre parlamentares aliados ao governo Bolsonaro, que tem utilizado o expediente para comprar o apoio aos projetos de seu interesse no Congresso Nacional.
Segundo reportagem do jornal “O Globo”, os recursos para Barra de São Miguel serão repassados do Ministério do Desenvolvimento Regional para a superintendência da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), em Alagoas, comandada por mais um membro do clã Lira, João José Pereira Filho, primo do presidente da Câmara. Joãozinho, como ele é conhecido, chegou ao cargo em abril deste ano por indicação do próprio presidente da Câmara.
O levantamento feito pelo jornal mostra que o município de Arapiraca, base eleitoral de Arthur Lira em Alagoas, já recebeu mais de R$ 64 milhões em emendas, o segundo maior valor em todo país. A população da cidade alagoense é de 233 mil pessoas.
A cidade de Lira só fica atrás de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, que foi destino de R$ 75 milhões em emendas. O município fluminense é reduto eleitoral do deputado Altineu Côrtes (PL-RJ), presidente estadual da sigla e próximo de nomes importantes do PP e PL, partidos que integram o chamado Centrão.
Apenas em 2020, cerca de R$ 20 bilhões dos cofres públicos foram destinados ao orçamento paralelo. Em maio de 2021 foi divulgada a compra de tratores superfaturados em até 259% com verba do orçamento do relator.
Em julgamento na última terça-feira (9), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por 8 a 2 confirmar uma liminar concedida pela ministra Rosa Weber que suspendeu a utilização das emendas do orçamento secreto.
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a desfaçatez e cara de pau desse bandido travestido de presidente da Câmara Federal já ultrapassou todos os limites Legais. alguém DEVE dar um “basta já” nesse banditismo, no qual se transformou o (des)governo bolsonaro(genocida).