
Parceria exitosa de mais de 50 anos entre a FAB e a Embraer foi bombardeada pelo governo. Corte no orçamento obrigou FAB a reduzir de 28 para 15 a encomenda dos cargueiros produzidos pela empresa brasileira
Em mais uma sabotagem ao Brasil e à indústria brasileira, o governo Bolsonaro decidiu inviabilizar o cumprimento do contrato da Força Aérea Brasileira (FAB) com a Embraer para a compra de 28 aeronaves KC-390, o cargueiro de última geração desenvolvido e produzido pela empresa brasileira fabricante de aeronaves.
Como não houve acordo para a redução da compra acertada em 2014, como queria o Planalto, a FAB comunicou, nesta sexta-feira (12), a decisão unilateral de cortar 13 aeronaves da encomenda inicial de 28 unidades feita pelo governo.
O alto comando da Aeronáutica já havia comunicado a intenção de reduzir a compra no dia 23 de abril. Após seguidas prorrogações na decisão, o prazo para as conversas se encerrou nesta quinta-feira (11). O contrato tinha o valor de US$ 1,3 bilhão.
Até o momento, quatro unidades do KC-390 já foram entregues à FAB. A primeira delas em 2019 e a última em dezembro de 2020. O moderno cargueiro desenvolvido pela Embraer foi um sucesso e a empresa já recebeu encomendas de vários países, entre eles Portugal e Hungria.
A informação dos cortes veio à público em nota do comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior.

O KC-390 é um cargueiro que a Força Aérea Brasileira solicitou em 2009 que a Embraer, terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, desenvolvesse. Foram sete anos de estudo, em parceria com Argentina, Portugal e República Tcheca, para que fosse feito o protótipo. O projeto foi concluído com sucesso.
Sem verbas para honrar seus compromissos com a fabricante brasileira, a FAB, que tem uma parceria exitosa de mais de 50 anos com a Embraer, decidiu reduzir a encomenda de 28 para 15 unidades do KC-390. A Aeronáutica informou que questões financeiras a obrigaram a suspender a aquisição das aeronaves anteriormente acordadas.
“Considerando a decisão da Embraer e a impossibilidade de permanecer com a execução do contrato nas quantidades atuais, a Força Aérea Brasileira, no intuito de resguardar o interesse público, iniciará, dentro dos limites previstos na lei, os procedimentos para a redução unilateral dos contratos de produção das aeronaves KC-390, fato inédito e indesejável nessa importante e cinquentenária relação”, afirmou a FAB.
Já a Embraer informou que não aceita a proposta unilateral da FAB e que tomará as medidas cabíveis. Ela avalia o impacto da decisão unilateral da FAB em seus negócios. “Tão logo seja formalmente notificada pela União, a Companhia buscará as medidas legais relativas ao reequilíbrio econômico e financeiro dos Contratos, bem como avaliará os efeitos da redução dos Contratos em seus negócios e resultados”, disse a empresa em Nota.
Com mais esta sua atitude, Bolsonaro deixou claro o seu desprezo, não só pela Embraer, mas por tudo que é brasileiro. Ele já havia atacado recentemente a Petrobrás, a maior e mais avançada empresa pública do país, responsável pela descoberta do Pré-sal e pioneira no desenvolvimento de alta tecnologia na exploração de petróleo em águas profundas.
Agora, golpeia a maior e mais avançada empresa de aviação do hemisfério sul, produtora de aeronaves de última geração que revolucionaram a aviação comercial e executiva e conquistaram o mercado mundial.
A decisão do governo de não garantir os recursos para o cumprimento do contrato assinado pela FAB com a Embraer, representa mais um duro golpe de Bolsonaro na indústria brasileira.
Essa atitude confirma também que Bolsonaro está cumprindo à risca a promessa que fez num jantar realizado em março de 2019, em Washington, logo após sua posse. Na ocasião, ele afirmou que seu plano não era construir nada no Brasil mas sim “desconstruir”.
“O Brasil não é um terreno aberto onde nós pretendemos construir coisas para o nosso povo. Nós temos é que desconstruir muita coisa. Desfazer muita coisa”, prometeu Bolsonaro aos participantes do jantar.
Agora, depois da devastação que já fizeram no conjunto da economia, a dupla Bolsonaro e Guedes partiu para a destruição direta das duas empresas símbolos do desenvolvimento nacional, a Embraer e a Petrobrás.
O corte das verbas da FAB e a suspensão da compra das aeronaves são um passo a mais na direção do que Bolsonaro prometeu em Washington.
Para ajudá-lo a cumprir a promessa de destruir o país, o ‘capitão cloroquina’ colocou no controle da Economia o seu cúmplice, Paulo Guedes, um negocista sem escrúpulos e sem vergonha que está inteiramente a serviço dos bancos estrangeiros e das multinacionais.