Em relato a deputados da Frente Parlamentar de Educação, os servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) denunciaram que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, para que evitassem escolher questões polêmicas que incomodariam o governo Bolsonaro.
Eles não detalharam quais perguntas foram excluídas da avaliação deste ano, alegando que todas as informações acerca do Banco Nacional de Itens (o acervo de onde são tirados os conteúdos para o Enem) são sigilosas.
Diante das queixas, a Frente Parlamentar de Educação pretende colocar em votação na semana que vem na Comissão de Educação da Câmara um pedido de audiência pública para detalhamento dos fatos.
Na quarta-feira (10), um dos membros, o professor Israel Batista (PV-DF), protocolou uma denúncia contra o presidente o presidente do órgão, Danilo Dupas, na Comissão de Ética Pública da Presidência da República.
O documento cita que foram reportados pelos funcionários da autarquia “censura ideológica nos itens da prova do Enem” e “sérios indícios de (…) critérios político-ideológicos, mediante proibição de determinados temas e pautas”.
O deputado federal Felipe Rigoni (sem partido), que também faz parte da Frente Parlamentar de Educação, informou que ouviu denúncias de assédio moral dentro do Inep. Alguns funcionários estariam até mesmo de licença médica por conta dos episódios.
DEMISSÕES
Nos últimos dias, 37 servidores pediram demissão de seus cargos no Inep. O motivo alegado foi fragilidade técnica e administrativa da gestão.
Essas queixas motivaram, inclusive, um protesto de funcionários do Inep, no último dia 4 de novembro, apontando “falta de comando técnico” no planejamento do Enem e “clima de insegurança” na autarquia.
Dias depois, a crise agravou-se quando 37 servidores pediram demissão de seus cargos e mencionaram a “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima” e os episódios de assédio moral.
Na última sexta-feira (12), a Associação dos Servidores do Inep (Assinep) comunicou que entregará ao Congresso Nacional e aos órgãos de controle um “documento de denúncia contendo os relatos de assédio institucional e assédio moral”.