
Dados oficiais desmentem discurso feito por ele em Dubai e mostram aumento da destruição da Amazônia. Intenção do Planalto é incentivar grileiros, garimpeiros ilegais e contrabandistas de madeira. Meta é acabar com a floresta e matar os índios
O ‘trem da alegria’ que levou Bolsonaro, familiares e amigos para um passeio turístico em Dubai, nos Emirados Árabes, confirmou aquilo que os brasileiros já conhecem bem. O capitão cloroquina não tem compromisso nenhum com a verdade. Ele mente sem a menor cerimônia e não trata assunto algum de forma séria.
FALTA SERIEDADE
Assim foi durante toda a pandemia de Covid-19, que resultou na morte de mais de 610 mil pessoas, e assim também está sendo em relação aos graves problemas causados ao meio ambiente do planeta pela ganância desenfreada dos monopólios.
Contrariando todos os dados, que mostram recordes de queimadas e desmatamento na Amazônia, ele mentiu aos árabes dizendo que “não há problema algum na Amazônia”, que ela está “como em 1.500”. Afirmou também, sem nenhuma base científica, que “a floresta não pega fogo porque é úmida”.
“Os ataques que o Brasil sofre quando se fala em Amazônia não são justos. Lá, mais de 90% daquela área está preservada, está exatamente igual quando foi descoberto no ano de 1500. A Amazônia é fantástica”, disse ele às autoridades de Dubai.
Ao contrário da farsa de Bolsonaro, os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) acabam de apontar que a Amazônia Legal teve uma área de 877 km² sob alerta de desmatamento, uma alta de 5% em relação a 2020 e recorde para o mês de outubro na série histórica. Os números foram divulgados pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Inpe na sexta-feira (12).
Ele disse que o Brasil foi atacado injustamente na COP 26, mas, na verdade, o que foi duramente criticado na COP 26 não foi o Brasil, mas sim o comportamento irresponsável do governo em relação à proteção do meio ambiente no Brasil. Bolsonaro desmantelou os órgãos de fiscalização ambiental do país e incentivou as queimadas, as grilagens de terras e o desmatamento.
Outros dados do Inpe também apontam os focos de incêndio acima da média na floresta nos últimos meses. Em junho, houve o maior número de focos para o mês em 14 anos; em julho, foram quase 5 mil focos; em agosto, 28 mil. Entre agosto de 2019 e setembro de 2020, o mesmo Inpe, órgão vinculado ao próprio governo federal, mostrou que mais de um terço dos quase 150 mil focos de queimadas ocorridos na Amazônia no período aconteceram em terras públicas sem destinação.
ACHA QUE O MUNDO É O CERCADINHO DO ALVORADA
Os alertas foram feitos pelo Deter, que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
Achando que pode tratar o mundo como o seu ‘cercadinho’ do Alvorada, ele simplesmente falta com a verdade. Acha que vão acreditar em suas invencionices absurdas. Como não é assim que as coisas acontecem, ele reclama das cobranças, inclusive as feitas na COP 26. O planeta vê que Bolsonaro diz uma coisa e faz outra completamente diferente. Ou seja, ele diz que é um defensor do meio ambiente, mas segue incentivando o desmatamento na Amazônia e em outros biomas brasileiros.
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, desmentiu a fala de Bolsonaro em Dubai. “O fato de a floresta não pegar fogo, isso é uma meia verdade. Ela não cria incêndios florestais, porque é uma floresta úmida. A floresta não pega fogo naturalmente – mas se alguém colocar fogo nela, ela incendeia”, disse ele. “Por isso que a gente fala que os incêndios na Amazônia, as queimadas, elas são criminosas. Então pega fogo, sim, na floresta – quando você tem o crime ambiental agindo, em 99% das vezes”, acrescentou Astrini.
“Afirmar que a floresta é úmida como um todo era algo verdadeiro há 60 ou 70 anos; hoje, com 20% desmatado, isso não é mais um fato”, explicou o ambientalista Antonio Oviedo, assessor do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), ONG presente na Amazônia há 25 anos.
“Ela é úmida em áreas como no interior do Rio Solimões ou no Alto do Rio Negro, onde não tem muitas estradas, mas mesmo lá o fogo já tem entrado, por conta do desmatamento. Quando se fragmenta a floresta em blocos, vem o efeito de borda. Quanto mais bordas tiver, mais seca fica, e facilita a entrada do fogo”, explicou Oviedo.
GUEDES TAMBÉM MENTIU
Entre os membros do governo no “tour” em Dubai estão, além de Bolsonaro, os ministros Paulo Guedes (Economia), Tarcisio de Freitas (Infraestrutura), Tereza Cristina (Agricultura), Bento Albuquerque (Minas e Energia), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Carlos França (Relações Exteriores), Braga Netto (Defesa) e Gilson Machado (Turismo).
O ministro Paulo Guedes seguiu o script de Bolsonaro e também achou que podia mentir descaradamente sobre a situação econômica do Brasil. Disse que está tudo um “espetáculo”. Segundo ele, a economia brasileira foi a que menos caiu e a primeira a se recuperar e que o Brasil está crescendo acima da média mundial. O clima foi de perplexidade diante de tanta falsificação de dados.
O Brasil caiu 4,1% em 2020. No primeiro trimestre deste ano o Brasil cresceu 1,2%, ficando na 19ª posição no mundo. No segundo trimestre, o PIB do Brasil teve uma queda de 0.1% e a situação do país piorou, caindo para a 28ª posição no cenário mundial. Para 2022, as previsões de crescimento do PIB do Brasil são ainda piores. Então, a fala de Guedes revela mais do que apenas falta de seriedade. É puro cinismo mesmo do governo.
Alguns dos presentes devem ter pensado que Guedes talvez estivesse falando Ilhas Virgens Britânicas, onde ele esconde R$ 50 milhões em contas secretas. Lá as coisas estão indo de vento em popa. A cada queda do real, provocada pelas insanidades de Bolsonaro e pela estupidez do ministro, sua fortuna só faz subir por aquelas bandas. Afinal, é lá que o ministro da economia do Brasil investe sua fortuna. No Brasil, mesmo, nada.