Com os resultados apurados, a Coalizão Frente de Todos, base de sustentação do governo de Fernández, apesar de perder a maioria absoluta no Senado, manteve a condição de maiores bancadas nas duas casas legislativas: Câmara e Senado
Com os resultados apurados nas eleições parlamentares deste domingo (14), a coalizão governista Frente de Todos (FdT) perdeu a maioria absoluta no Senado, mas conseguiu se manter como a maior bancada tanto no Senado como na Câmara do Deputados.
No Senado a bancada dos peronistas da FdT era de 41 dos 72 senadores – portanto uma maioria para aprovar projetos sem necessidade de alianças com outras forças políticas – cai para 35, necessitando, portanto, de dois votos para a aprovação de projetos governamentais. Os oposicionistas de Juntos por el Câmbio, JxC (Juntos pela Mudança), apesar de crescerem de 25 para 31 senadores, seguem como segunda bancada no Senado.
Na Câmara dos Deputados, a perda foi menor. De uma bancada de 119 deputados, passou a 118, enquanto que os macristas cresceram em um deputado, passando a deter 116 assentos.
Isso significa que a meta macrista de tomar a presidência da Câmara (como se previa caso os resultados das primárias fossem mantidos) foram frustrados.
Nestas eleições de meio termo, estavam em disputa 127 cadeiras para deputados, ou seja, metade das 254. Para o Senado, a disputa era de 24 cadeiras, um terço do total de 72.
A FdT colocou em disputa, na Câmara, 51 vagas e ficou com 50. Já os macristas de Juntos por el Câmbio, JxC, (Juntos pela Mudança) colocaram 60 cadeiras em disputa e obtiveram 61.
Apesar do revés, a oposição não logrou fazer maioria, nem maior bancada, em nenhuma das Casas Legislativas, graças à intensa campanha peronista que, em dois meses, reverteu parte importante do resultado negativo obtido nas primárias de setembro.
Apesar de que as primárias não são determinantes em termos de eleição de parlamentares, servem como termômetro para determinar a vontade dos eleitores. Desde que os macristas entraram na disputa é a primeira vez que obtêm um resultado, nas definitivas, pior do que nas primárias.
As mudanças mais substanciais aconteceram na maior província, a de Buenos Aires, onde os governistas haviam perdido por quase 4 pontos percentuais e ficaram perto do empate agora. Além disso, conseguiram reverter os revezes acontecidos nas primárias nas províncias de Chaco e Terra do Fogo.
Houve também crescimento da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT) que passou de dois para quatro deputados. Os direitistas do Avança Liberdade detêm agora 5 cadeiras.
Na noite de domingo, o presidente Alberto Fernández saudou os ativistas da FdT (“Hoje é o dia dos militantes”) e chamou a oposição a um diálogo para permitir uma negociação soberana com o FMI e a retomada do crescimento.
O presidente reconheceu “erros”, mas assinalou que a economia já deve crescer 9% este ano e previu que, já no início de 2022, a Argentina terá recuperado o perdido durante o ano de 2020, “pondo fim a uma etapa muito dura” a qual atribuiu à recessão herdada do governo Macri seguida da crise provocada pela pandemia.
Foi exatamente este quadro recessivo, com perdas de emprego, e a manutenção da inflação, ainda que menor do que o descalabro do período macrista, que trouxe o revés ao governo de Fernández.
Fernández informou que deve apresentar em breve os termos obtidos perante o FMI na forma menos lesiva possível à economia do país e também enviará o plano de desenvolvimento econômico para os próximos cinco anos. “Um plano plurianual para o desenvolvimento sustentável”.
“Não há nada mais bonito que poder escutar ao povo. Aos que nos acompanharam minha gratidão e compromisso de sempre e aos que não, meu compromisso de que vou trabalhar por cada um”, finalizou.