Cinismo do ministro passou dos limites. Ele havia dito que, depois que assumiu, não tinha nenhuma participação na empresa que esconde sua fortuna de R$ 50 milhões escondidas no paraíso fiscal nas Ilhas Virgens.. Além da mulher, escalou também a filha
Quando o escândalo “Pandora Papers” trouxe a luz do dia a informação de que Paulo Guedes, ministro da Economia de Bolsonaro, esconde uma fortuna de R$ 50 milhões em uma empresa offshore localizada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, ele se justificou dizendo que não fazia mais parte da direção da empresa. Fez isso porque o “Código de Conduta da Alta Administração Federal” não permite que um ministro da Economia tenha conta no exterior.
O farsante mentiu para o país. Ele ocultou que o nome da sua filha, Paula Drummond Guedes, ainda permanece na condição de diretora da empresa localizada nas Ilhas Virgens Britânicas. A acusação foi feita pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), que integra a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados e que analisou a documentação da empresa de Guedes.
A mulher do ministro, Maria Cristina Bolívar Guedes, também está no comando do patrimônio. Ou seja, Guedes tentou enganar o país de que não tinha mais participação na empresa. Colocou a mulher e a filha para burlar as normas. O deputado diz que irá representar o ministro junto ao Ministério Público Federal (MPF) por conta das novas informações da offshore de Guedes no Caribe.
“Entendo que a empresa está sob suspeita. É no mínimo muito estranho Guedes ter omitido essas informações”, disse o deputado, em uma declaração à imprensa. “Por isso, é importante que o Ministério Público Federal analise o extrato de desempenho dessa offshore para saber se não foi beneficiada por informações privilegiadas que Guedes obteve por ser ministro”, apontou.
As informações, de acordo com o deputado, foram omitidas da Declaração Confidencial de Informações (DCI), exigida pelo governo e apresentada por Paulo Guedes em 2019, quando tomou posse do cargo. O ministro, que tem no cinismo a sua marca registrada, criou a Dreadnoughts International em 2014, no final do primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2016), e depositou na empresa o equivalente a US$ 9,54 milhões. Hoje o valor estaria próximo a R$ 52 milhões.
Durante a discussão da reforma tributária, em julho deste ano, ele mandou retirar o artigo 6º da Reforma Tributária que determinava a taxação dos recursos de pessoas físicas brasileiras alocados em empresas mantidas em paraísos fiscais, as chamadas offshore. Na época, Guedes deu poucas justificativas sobre a retirada do artigo. “Ah, ‘porque tem que pegar as offshores’ e não sei quê. Começou a complicar? Ou tira ou simplifica. Estamos seguindo essa regra”, disse o ministro na ocasião. Agora fica claro o motivo pelo qual ele, cinicamente, legislou em causa própria.
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