Trata-se da sexta revisão consecutiva para baixo, segundo o Boletim Focus do BC
De acordo com o Boletim Focus divulgado semanalmente pelo Banco Central (BC), as instituições financeiras reduziram as expectativas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do ano que vem para menos de 1%, ao mesmo tempo que esperam inflação maior.
Na semana anterior, a mediana das estimativas estava em 1% de crescimento em 2022. Já no relatório divulgado nesta terça-feira (16), a projeção foi reduzida para 0,98%. Trata-se da sexta revisão consecutiva para baixo.
As previsões contradizem as recentes afirmações do ministro Paulo Guedes em Dubai de que o Brasil cresce “acima da média mundial”. Num cenário de terra arrasada, com o desemprego em níveis recordes e a inflação a dois dígitos, o crescimento para este ano também foi revisado de 4,93% para 4,88%. Se confirmada, a variação do PIB neste patamar não repõe nem mesmo as perdas do ano passado quando, impactado pela pandemia e pela política negacionista do governo, a economia cedeu 4,1%.
Delirante, Paulo Guedes continua insistindo na tese de que o Brasil está em plena recuperação “em V”. Em palestra para empresários em Dubai, o ministro de Bolsonaro mentiu sobre a situação do país. “O Brasil foi uma das economias que menos caíram, voltaram mais rápido, criaram mais empregos, e estamos crescendo, também, acima da média mundial”, disse Guedes na abertura do Fórum Invest in Brasil, evento que é parte da viagem oficial de Bolsonaro ao Oriente Médio.
O desemprego atinge 14 milhões de brasileiros, são cerca de 40 milhões no trabalho precário e a renda é cada vez menor. Com a inflação acelerada, impulsionada pelos preços monitorados pelo governo, como os combustíveis, a energia elétrica e o gás de cozinha, os preços dos alimentos também dispararam e a miséria aumentou.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório de outubro, o Brasil aparece na lanterna entre os países membros do G-20, com uma variação positiva do Produto Interno Bruto de apenas 1,5% no próximo ano. Algumas instituições financeiras projetam para 2022 uma economia em recessão. Na sexta-feira (12), o Credit Suisse revisou suas expectativas para o PIB de alta de 0,6% para queda de 0,5% Da mesma forma, o Banco Itaú prevê queda de 0,5%. O J.P Morgan e a Consultoria MB Associados falam em crescimento zero.
E não é apenas da realidade brasileira, da expectativa do “mercado” e das projeções internacionais que a tese de Guedes está descolada. Para além das previsões, os dados da indústria, do comércio varejista e do setor de serviços confirmam o desastre para o qual a política econômica do atual governo empurrou o Brasil. A indústria opera 3,2% abaixo dos níveis da pandemia, tendo registrado queda de 1,1% no terceiro trimestre do ano. O comércio, impactado pela queda do consumo das famílias, cedeu 5,5% ante a setembro do ano passado e também encerrou o terceiro trimestre no vermelho; já os serviços registraram queda de 0,6% em setembro.
Segundo o índice de atividade do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, o terceiro trimestre encerrou em queda, assim como o trimestre anterior.