
O deputado Orlando Silva (SP), vice-líder do PCdoB na Câmara, afirmou que as recentes declarações de Jair Bolsonaro sobre o Enem revelam que a “política de sabotagem” do governo federal à Educação transformou o Exame Nacional do Ensino Médio “em um fracasso sem precedentes”.
Há poucos dias da realização da prova, marcada para o próximo domingo (21), a ingerência política do governo provocou uma crise no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) – órgão que produz e coordena o Enem, que resultou em um pedido de demissão coletiva de 37 servidores do órgão.
“É criminoso o que acontece no MEC. Por perseguição ideológica, arruinaram uma estrutura de Estado e produziram um fracasso na principal política pública de acesso à universidade. Em qualquer governo, seria caso de demissão do ministro. No atual, é para demissão do presidente”, afirmou o deputado em uma rede social.
O parlamentar comentou que a denúncia de censura, que motivou os servidores a pedirem demissão do Inep, ficou confirmada pelas próprias declarações do presidente, que durante um evento em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, disse na segunda-feira (15) que as questões da prova “começam agora a ter a cara do governo”.
“A declaração de Bolsonaro comprova a interferência política e ideológica na formulação do Enem, revelando que o próprio presidente participa da quebra de sigilo da prova. Mais um crime para a coleção do bandido serial”, criticou.
Os funcionários do Inep que entregaram seus cargos, denunciando fragilidade técnica e administrativa contra a atual gestão, detalham tentativas de interferência no conteúdo das provas, situações de intimidação e também acusam o presidente do órgão de despreparo.
Para Orlando Silva, as declarações de Bolsonaro em sua viagem ao Oriente Médio são uma evidência de que o governo “quebrou o sigilo da prova para impor questões de sua orientação ideológica”.
O deputado avaliou ainda que as reiteradas tentativas de censura e controle ideológico do Enem, política fundamental para o ingresso na universidade pública nos últimos anos, levaram ao descrédito da prova deste ano. “O Enem ‘com a cara do governo’ é o mais esvaziado e com menos estudantes negros da história. Incompetência inédita! Igualzinho Bolsonaro”, escreveu no Twitter.