Prévia da inflação registra alta de 10,73% em 12 meses: gasolina sobe 48%; óleo diesel 48,12%; etanol 62,56%, energia elétrica 31,28%. O gás de cozinha acumula aumento de 51,05% desde junho de 2020, aponta o IBGE
A prévia da inflação de novembro apurada pelo IPCA-15 registrou avanço de 1,17% – o maior para o mês dos últimos 19 anos, informou o IBGE nesta quinta-feira (25). Sem trégua, os preços passam a acumular alta de 10,73% em 12 meses, permanecendo o dobro da meta da meta que o governo estipulou para o ano. Apenas em 2021, a variação do índice da inflação já é de 9,57%.
A gasolina exerceu maior pressão individual na prévia da inflação, com alta de 6,61% apenas na passagem de outubro para novembro. Com o governo lavando as mãos diante da escalada dos preços e conduzindo uma política que atrela o valor do combustível ao dólar, a gasolina já acumula variação de 48% em 12 meses e de 44,83% em 2021.
Também houve altas no mês nos preços do óleo diesel (8,23%), do etanol (7,08%) e do gás veicular (2,59%). No acumulado em 12 meses, o etanol subiu 62,56% e o diesel 48,12%.
A disparada dos preços dos combustíveis não penaliza apenas os motoristas, mas repassa para a maior parte dos produtos – inclusive alimentos – o aumento dos preços dos fretes e transportes. Esses e outros fatores contribuem para uma inflação disseminada: todos os nove grupos de produtos e serviços tiveram alta em novembro, segundo o IBGE.
Alimentação e bebidas: 0,40%
Habitação: 1,06%
Artigos de residência: 1,53%
Vestuário: 1,59%
Transportes: 2,89%
Saúde e cuidados pessoais: 0,80%
Despesas pessoais: 0,61%
Educação: 0,01%
Comunicação: 0,32%
A segunda maior contribuição sobre o avanço dos preços veio de custos com Habitação, que subiram 1,06% na prévia de novembro. Aqui estão computados os resultados de 18 aumentos consecutivos no preço do botijão de gás, que acumula alta de 51,05% desde o período iniciado em junho de 2020.
Já a energia elétrica subiu 0,93% em novembro e 31,28% em doze meses. Além da autorização de reajustes regionais, o governo desde setembro pratica a tarifa especial para compensar o uso das termoelétricas, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, sem se importar com o impacto disso nas rendas, já espremidas, das famílias.
No caso de Alimentos, item que tem grande peso na composição dos índices de inflação, a alta foi de 0,40% no mês, depois de avanço de 1,38% em outubro. As famílias brasileiras sofrem as consequências de uma alta acumulada de 10,47% nos últimos 12 meses.
Com a maior parte da população desempregada ou subempregada segundo dados da Pnad Contínua, o desdobramento real do aumento nos preços de habitação e alimentos é o crescimento dos níveis de pobreza e insegurança alimentar representados nas cenas de famílias cozinhando a lenha, recolhendo restos e disputando ossos para levar à mesa.
Inflação, juros altos e queda na renda derrubam vendas do comércio em 2021
A combinação inflação, renda achatada e juros altos fez com que o comércio revisasse a projeção de receitas neste último trimestre do ano, período tipicamente bom para as vendas por conta das festas. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as perdas serão de R$ 44,7 bilhões.
“A reversão do quadro foi muito rápida: a inflação do jeito que está e o remédio para combatê-la, que é o aumento dos juros, compõem um cenário de quarto trimestre preocupante para o varejo”, afirma o economista-chefe da CNC e responsável pelo estudo, Fabio Bentes.
A carestia não é o único fracasso da política econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes. Junto da inflação, o país vive um cenário de desemprego em níveis recordes e de retração da atividade industrial, que já prenunciam um PIB (Produto Interno Bruto) que não recuperará as perdas da pandemia este ano e crescimento próximo a zero no ano que vem.