Soldados israelenses invadiram duas casas palestinas e levaram dois garotos, Yazen Kados e Yasser Arafat Shkeir, sob a acusação de que eles teriam arremessado pedras contra uma patrulha das tropas de ocupação nas proximidades da aldeia de A Zawiya, onde moram. A aldeia está separada das terras de seus agricultores por um muro construído pela ocupação israelense.
O relato, dos jornalistas Gideon Levi e Alex Levac, publicado pelo jornal israelense Haaretz nesta sexta (26), denuncia que os dois foram conduzidos a uma base militar e passaram a madrugada fria de segunda-feira, 25 de outubro, ao relento para depois, já durante a primeira parte do dia, sofrer uma detenção em um trailer emporcalhado.
A invasão de casas, sem mandato judicial, é extremamente recorrente nos territórios palestinos ocupados por Israel.
Junto com as duas crianças foram também presos, com os mesmos maus tratos, o irmão de Arafat, Muatsam Shkeir, de 22 anos e o pai de Yazen, Na’im Kados.
Os soldados entraram nas casas sem bater, sem pedir permissão e sem qualquer documento judicial. “Você é Yasser Arafat?”, perguntaram ao irmão dele Muatsam. O garoto estava tomando banho e foi instado a terminar e se vestir rapidamente: “Não temos tempo”, diziam os soldados.
Enquanto Arafat conta que ficou assustado pela invasão da casa, o seu amigo e vizinho, Yazen, diz que teve medo de ser morto a tiros pelos soldados.
Eles ficaram detidos nestas condições, sem cobertor e por cerca de 12 horas, sem alimento ou água.
Ao meio dia da segunda, 22, foram soltos sem qualquer explicação.
Nas duas casas vivem famílias numerosas e pobres. O pai de Yazen é marceneiro especializado em armários de cozinha. Aliás, no dia do sequestro, chegou em casa às 22:00, pouco antes da invasão, vindo da cidade israelense de Petah Tikva, de maioria judaica, onde foi instalar um armário.
A casa de Arafat é mantida pelo irmão mais velho, Muatsem, operário que trabalha em Israel.
Este relato é apenas um exemplo do sofrido cotidiano palestino de inúmeras agressões e humilhações que têm atingido este povo nestes 54 anos de ocupação israelense. Só como prisioneiros lotando prisões em diversas partes de Israel, há mais de 3 mil palestinos.
Esse cotidiano de um povo ocupado precisa ser conhecido e denunciado pois a crueldade da ocupação não se limita aos mais conhecidos bloqueio e bombardeios à Faixa de Gaza, assalto às terras palestinos ou à supressão dos direitos políticos dos moradores palestinos de Jerusalém.