O negocista e sonegador disse que os governos – tanto civis quanto militares – têm fetiche por estatais e que, se depender dele, vai vender todas elas
O ministro Paulo Guedes, um cidadão que esconde R$ 50 milhões numa offshore localizada num paraíso fiscal – “para não pagar impostos” -, cujas decisões empobrecem os brasileiros, como a alta do dólar e a explosão inflacionária, ao mesmo tempo que engordam sua fortuna escondida no exterior, tem a cara de pau de defender a venda de praticamente todo o país porque, segundo ele, há “muita corrupção nas empresas públicas”.
O sonegador disse que os governos – tanto civis quanto militares – têm fetiche por estatais e que, se depender dele, vai vender todas elas. Aliás, ele já está fazendo isso. Acha, por exemplo, que os Sheiks dos Emirados Árabes são melhores administradores do que os brasileiros e, por isso, devem ser os donos de nossas refinarias.
“Isso [estatais] é um fetiche do passado, que acometeu tanto o governo militar durante 20 anos quanto os novos governos civis. O que tinham em comum? O fetiche das estatais. Petrobras, Eletrobrás, Siderbrás, Telebrás, Portobrás”, declarou o entreguista, acrescentando ser preciso “acabar rápido com esse fetiche”.
Expert em roubalheiras e trapaças, Guedes não faz outra coisa a não ser se negociar com lobistas, fundos especulativos, banqueiros e outros agentes da ciranda financeira para oferecer e torrar o patrimônio público. Ele está entregando empresas públicas a preço de banana, como acaba de fazer com a segunda maior refinaria brasileira, a RLAM. Ela foi entregue oficialmente nesta quarta-feira (1º) para o fundo Mubala, um fundo especulativo do governo dos Emirados Árabes.
As refinarias da Petrobrás não podem ser estatais brasileiras, mas dos Emirados Árabes, podem. Eles, os Sheiks dos Emirados, e o seu fundo, passarão a importar o petróleo de seu país para refiná-lo aqui. Depois vão vender os derivados no mercado brasileiro a preços extorsivos sustentados por Bolsonaro e mandar os superlucros para seus cofres nas arábias. Um negócio da China, ou melhor, uma “negociata do Oriente Médio”. Não é à toa que os dois – Guedes e Bolsonaro – andaram por lá recentemente.
Tudo o que foi construído no país desde 1930, a Petrobrás, Eletrobrás, Telebrás, etc, que fizeram o Brasil ser uma potência, ser o país que mais cresceu no mundo daquela época até 1980, Guedes acha que é “irrelevante”, que tem que ser torrado, ou mesmo fechado, como é o caso da única fábrica de semicondutores brasileira, a Ceitec, do Rio Grande. Ou seja, o ministro acha que o Brasil e seu povo são irrelevantes. O que interessa são os seus negócios, são suas offshores, seus dólares e seus lucros. O resto, bem, o resto é o resto.
“Correios, vende rápido, pois corre um risco de daqui a dois, três anos estar irrelevante”, repetiu ele.
“Empresas privadas estão criando empresas de logística. Isso vale para a Petrobrás também. O mundo inteiro está indo em direção ao verde. […] Daqui a 10, 15 anos, o mundo vai fazer transição para fora do petróleo, e isso vai desaparecer”, acrescentou o ministro, dando a entender que nós não precisamos ter empresas de petróleo.
Eles, os estrangeiros, vão explorar o nosso petróleo, com “todo o cuidado” em relação à defesa do meio ambiente, insinua Guedes. Depois somos nós que acreditamos em Papai Noel.
Esses fundos especulativos não estão preocupados com nada, a não ser com o lucro rápido e alto. Eles compram os ativos a intensificam a exploração, seja de petróleo, seja de minérios, seja de qualquer coisa. Veja o que aconteceu em Brumandinho, depois que a Vale foi privatizada. Nenhuma preocupação com o meio ambiente. Guedes fala como se esses fundos viessem para cá para construir alguma coisa, respeitar alguma coisa, quando, na verdade, seu objetivo é comprar nossas empresas, intensificar a exploração e enviar os superlucros para as suas matrizes. É só isso. Depois jogam o bagaço fora.
O “fetiche” de Guedes é ganhar dinheiro, de preferência roubado, fruto dessas transações tenebrosas com patrimônio pública, e, de preferência, depositados em contas secretas no exterior. Essa sua compulsão entreguista e necessidade atávica de se entender com bancos e monopólios estrangeiros estão levando o Brasil para o abismo, destino absolutamente inaceitável para o nosso país. Não por outro motivo ele quer acelerar a destruição nacional.
Sim, acelerar, pois quem estará irrelevante muito brevemente será ele e esse desgoverno estúpido do qual faz parte. Em breve, esta desastrosa política econômica, que trouxe de volta a inflação e a carestia, que desindustrializa o Brasil, que demite e precariza os empregos, além de reduzir a renda dos brasileiros, será em uma página virada de nossa história. É por isso que ele fala em “acelerar os negócios”. Vender rápido.
O “rato da finanças” chegou a calcular quanto vale o Brasil nesta venda frenética. Para ele, se vender tudo o que temos, “pode ser arrecadado uns R$ 2 trilhões”. Depois, as empresas vendidas, que são lucrativas, passarão a dar lucros para os seus novos donos. Os lucros vão embora. Para nós, fica a destruição do meio ambiente, a pobreza, o atraso e a miséria.
E aí, vamos exportar café e, quem sabe, algum minério. Deve estar na “lógica” de Guedes também retornar à mão de obra escrava. Certamente, na visão dele, essa é uma modalidade trabalhista “mais competitiva”. Por isso, ele e Bolsonaro já trabalham em outra “reforma trabalhista”. São muitos os direitos, dizem. O negócio é arrancar o couro, defendem.
S.C.