Benefício prevê cobrir 50% do preço em média do gás de cozinha, hoje em R$ 102,46, de acordo com a ANP. Em Mato Grosso, por exemplo, a média já atinge R$ 124 e o preço máximo chega a R$ 140
O Programa “Gás dos Brasileiros” aprovado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, diante da disparada do preço do gás de cozinha – que Bolsonaro prometeu durante sua campanha eleitoral entregar a R$ 35,00 e está entregando em alguns locais a R$ 140 – foi regulamentado na quinta-feira (2).
Apesar da resistência do governo e do ministro Paulo Guedes em aprovar a proposta, o programa prevê subsídio de 50% do valor médio do botijão de gás. O benefício, contudo, não vai cobrir nem mesmo a metade do preço do botijão em 17 capitais brasileiras, onde o valor do botijão de 13 kg é maior do que a média de R$ 102,46 apurada pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), e que será usada como referência. A primeira parcela do vale-gás será paga ainda este mês para 5,58 milhões de famílias e terá o valor de R$ 52, segundo o Ministério da Cidadania.
Segundo o decreto assinado por Bolsonaro, o programa tem o objetivo de “mitigar o efeito do preço do gás liquefeito de petróleo (GLP) sobre o orçamento das famílias de baixa renda”, preço este que disparou, dolarizado e atrelado às variações do mercado internacional com aval de Bolsonaro.
O preço do gás de cozinha segundo a prévia inflação de novembro já atinge em 12 meses a marca de 10,73%. A variação de preços, apenas no mês passado, foi de 4,34% (a 18° consecutiva), acumulando 51,05% de alta desde junho de 2020.
Ao invés de contemplar todos as famílias cadastradas no Cadúnico – beneficiários do Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família) e aqueles que recebem o BPC (Benefício de Prestação Continuada) – apenas 4 milhões receberão o auxílio “inicialmente”. Enquanto isso, no Brasil há pelo menos 19 milhões de necessitados, segundo estimativa do próprio governo.
Em Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amapá, Tocantins, Roraima, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Norte, Piauí, Pará, Paraná, Amazonas, Paraíba, Ceará, Minas Gerais e Maranhão, segundo a ANP, a média oficial de preços está acima do valor de referência.
Brasil afora, a realidade é que algumas famílias já são obrigadas a pagar R$ 140 pelo botijão de 13 kg – ou, alternativa para os desamparados, voltar a cozinhar a lenha, carvão e álcool. Sendo que em alguns Estados há localidades em que o preço máximo chegou a R$ 140 em Mato Grosso e R$ 130 em Goiás e Paraná, na semana de 21 a 27 de novembro, apurada pela ANP.
No Alto Solimões, no Amazonas, já chega a R$ 140, disse o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), em audiência pública no Senado. “Uma vergonha nacional”.