Para o governo, recorrer ao crédito pessoal para fazer frente à inflação galopante e queda na renda é uma questão de “educação financeira”
Os juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS vão ficar mais caros e passarão dos atuais 1,80% para 2,70% no empréstimo pessoal e de 2,14% para 3,06% no cartão de crédito.
A decisão foi aprovada por unanimidade nesta segunda-feira (6) pelo Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS). O conselho define o teto da taxa.
Num cinismo que chega à crueldade, a nota do Ministério do Trabalho do governo Bolsonaro justifica a medida ressaltando a “importância da educação financeira para aposentados e pensionistas do INSS”, como se um problema dos brasileiros frente à crise econômica, que apertando o orçamento das famílias e levado milhões ao subemprego, fosse um problema de “educação financeira”.
Esta semana, o Banco Central promete nova alta na taxa básica de juros (Selic) que passou de 2% no início de 2021 para 7,75% em outubro, colocando o Brasil de volta ao patamar de campeão mundial de juro alto, arrochando as famílias brasileiras e o setor produtivo.
Após seis altas seguidas na taxa de juros a inflação não parou de subir e veio batendo recordes. Além da inflação oficial atingir 10,67% em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado para o reajuste do salário mínimo e os benefícios do INSS (Instituto Nacional do Serviço Social), acumula alta de 8,45% no ano e, em 12 meses, de 11,08%.
O INPC verifica a variação do custo de vida médio nas famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos que tem seus orçamentos comprometidos com itens básicos, como alimentação, medicamentos e transporte, onde se enquadram milhares de aposentados.
Qual foi o aumento de risco que justificaria essa extorsão?
Nenhum.