
Plenária final contou com a presença de centrais sindicais e do ex-presidente Lula
O 9º Congresso Nacional da Força Sindical foi encerrado nesta quarta-feira (8) com a eleição de Miguel Torres para presidir a gestão 2021 -2025 com 95,58%. O presidente, eleito pela chapa “Emprego, Desenvolvimento Sustentável e Democracia”, afirmou que a luta dos trabalhadores deve ser a superação do governo Bolsonaro para que seja possível a retomada do desenvolvimento.
“Nós sabemos que para sair dessa crise tem que começar a impulsionar a retomada do Brasil para o desenvolvimento. Tem que incentivar e promover renda para os trabalhadores – todas as políticas que estão sendo implementadas pelo governo ou por seus aliados são para diminuir a renda”, disse Miguel Torres.
“O desemprego atinge hoje mais de 14 milhões de trabalhadores e trabalhadoras. Temos mais de 20 milhões de desalentados, aqueles que já nem procuram mais emprego e muitas pessoas em situação de rua, não só em São Paulo, mas no Brasil. Nesses últimos anos, aumentos em mais 3 mil o número de pessoas em situação de rua e hoje mais de 99% são famílias. É só a gente dar uma volta nos centros das capitais do Brasil”, completou.
A plenária de encerramento do Congresso contou com a participação de outras centrais sindicais, representadas por Sérgio Nobre, presidente da CUT; Adilson Araújo, presidente da CTB; Ricardo Patah, presidente da UGT; e Edson Carneiro Índio, secretário-geral da Intersindical, e com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Miguel lembrou que o governo Bolsonaro criou, três anos atrás, o famigerado Grupo de Altos Estudos do Trabalho (Gaet) para fazer outra “reforma” trabalhista, que incluía a retirada, também, de direitos previdenciários e enfraquecimento das estruturas sindicais.
“Essa semana apresentaram uma proposta onde o trabalhador só vai poder folgar dois domingos por mês e os entregadores de aplicativo não poderão ser contratados pelo regime da CLT. Eu estou chamando esse Gaet de Gaete “Grupo de Altos Estudos do Trabalho Escravo”, eles querem regulamentar a escravidão de novo”, denunciou.
Torres defendeu que a próxima gestão tem que enfrentar esse desafio com muita coragem e declarou apoio à candidatura do ex-presidente Lula. Precisamos mudar o eixo político desse país, por isso que nós estamos batalhando e falando com os trabalhadores da necessidade de ter nas eleições do ano que vem a mudança de rumo que esse país merece, trazendo para a Presidência da República o nosso companheiro Lula”, disse o presidente eleito da Força Sindical.
O ex-presidente Lula condenou a política do governo Bolsonaro, afirmando que “você não cuida do pobre tratando ele como número estatístico, você cuida do pobre se tiver solidariedade, se tiver sentimento, se for humanista e se achar que não é normal – aí tem que surgir a sua indignação -, não é normal que na cidade mais importante, na cidade mais rica desse país, a gente veja a quantidade de gente dormindo na rua, fazendo fila para pegar uma desgraça de um prato de comida quando deveria ser direito bíblico, ser direito na Declaração Universal dos Direitos Humanos que todo mundo tem direito de tomar café, de almoçar e jantar todo santo dia e, se der, ainda fazer um churrasquinho no fim de semana”, completou.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo, lembrou os 40 anos da 1ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada em Praia Grande (SP), em agosto de 1981. Na ocasião, mais de 5 mil lideranças sindicais se reuniram, já sob o último governo do regime militar (1964-1985), para buscar a unidade do sindicalismo na luta.
“Ali tínhamos a certeza da centralidade do movimento sindical frente, primeiro, à necessidade de interromper a ditadura militar. Segundo: era necessário pavimentar um ambiente de esperança para a nossa classe trabalhadora tão sofrida. O exercício dessa atividade culminou, de forma singular, não somente para acabar com a ditadura – mas sobretudo para galvanizar esforços, a partir da construção de um pacto, que nos propiciou a tão desejada ‘Constituição Cidadã’ de 1988”, disse Adilson.
Adilson ressaltou a importância da unidade dos trabalhadores para superar também os atuais desafios, superar o governo Bolsonaro e reverter esse cenário de retrocessos através de uma indispensável “ampla frente” em defesa da democracia. “Vamos precisar do Lula e também vamos precisar de muita gente”, completou Adilson.