
Os governadores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e de São Paulo, João Doria (PSDB), estão pressionando o governo Bolsonaro para recuar sobre a decisão de deixar estrangeiros que não se vacinaram entrar no Brasil.
“Para entrar em qualquer país do mundo é cobrado da gente comprovante de vacinação e teste PCR. Acho que nós podemos adotar até como princípio da reciprocidade, que existe na nossa Constituição, a cobrança também no ingresso desses estrangeiros”, declarou Ibaneis.
“Fica o pedido às autoridades brasileiras, ao ministro Queiroga e ao presidente da República, uma reavaliação”, continuou.
O governador do Distrito Federal defende a necessidade de comprovação de vacina “para a entrada no país, como é colocado pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], acho que deveria manter para pessoas vindas de outros países”. “No ingresso ao Brasil acho que seria necessário”, falou.
Para João Doria, o governo de Jair Bolsonaro está colocando o país e os brasileiros em risco por não querer adotar a medida. “Seria uma pena colocar em risco a saúde de dezenas de milhões sem qualquer motivo justificável. Esse é o principal motivo pelo qual o comitê científico de São Paulo recomendou essa medida”, afirmou.
“É obrigatório exigir aqui o mesmo certificado de vacina que brasileiros devem apresentar em viagens para a Europa ou Estados Unidos”, continuou.
O governador de São Paulo disse que o Estado vai adotar a medida em seu território caso Bolsonaro não recue.
“Caso não seja implantado pelo Governo Federal a obrigatoriedade do passaporte vacinal para entrada de viajantes no Brasil até 15 de dezembro, São Paulo adotará para todo Estado”.
Jair Bolsonaro xingou João Doria, em resposta ao apelo. “Seu Estado é o cacete, porra”, disse.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, citou Bolsonaro ao dizer que é “melhor perder a vida do que a liberdade”, referindo-se a exigir que estrangeiros estejam vacinados para entrar no Brasil.
LULA
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se posicionou sobre o assunto durante o Congresso da Força Sindical, na quarta-feira (8).
O ex-presidente criticou Bolsonaro pela recusa em adotar o passaporte da vacina. “Ele (Bolsonaro) precisa criar responsabilidade e permitir que as pessoas sejam obrigadas a apresentar o teste de vacinação, para proteger a sociedade brasileira”, afirmou o petista em discurso no encerramento do 9º Congresso da Força.
“Afinal de contas, surgiu um vírus novo, que a gente não sabe a magnitude dele”.
A declaração ocorreu um dia depois de o governo ignorar a orientação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não exigir o comprovante de vacinação de viajantes que chegam ao país.
Aos sindicalistas, Lula responsabilizou Bolsonaro por “pelo menos metade das pessoas que morreram” nesta pandemia.