Depois que a venda da Liquigás para a Ultragaz por R$ 2,8 bilhões foi reprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade), no fim de fevereiro, Pedro Parente arranjou uma outra forma de vender 100% da subsidiária da Petrobrás. Para privatizar a empresa e driblar as barreiras do Cade, ele resolveu vender a estatal a grupos estrangeiros ou “investidores” financeiros, segundo a agência Reuters.
Inclusive, Parente já encaminhou comunicado de suas intenções aos bancos estrangeiros.
Para o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), “a venda da Liquigás afeta a população mais pobre, pois trata-se de gás de cozinha, importante para a questão mais básica que é a alimentação. Desde o anúncio da primeira tentativa de venda, o gás subiu 20% no mercado. A Petrobrás levou anos para poder entrar nessa área. Fez um esforço e conseguiu entrar através da Liquigás. Com sua venda, o preço do gás vai ficar totalmente sem referência. A saída é absurda. Para não criar um monopólio no Brasil, vende para uma empresa monopolista estrangeira, possivelmente deve ser do mesmo grupo, pois a Ultragaz pertence à Ultrapar, que tem atuação no exterior”.
A venda da Liquigás faz parte do plano de “desinvestimento” da estatal, isto é, de privatização de ativos, que inclui blocos de petróleo, inclusive no pré-sal, ações da BR Distribuidora, gasodutos e refinarias.
O argumento para o veto da venda foi de que a Ultragaz passaria a deter 46% do mercado de gás de cozinha. A conclusão foi que a venda só poderia ser feita para os estrangeiros, com aval do órgão.
Na quinta-feira (27), os acionistas da BRF, maior exportadora mundial de frango, confirmaram o nome de Pedro Parente como presidente do conselho de administração da empresa privada, alvo de investigação da operação Carne Fraca, sobre a segurança de alimentos. Contudo, ele informou que continuará à frente da Petrobrás, para dar continuidade ao desmanche da estatal, e que sairá do conselho de administração da B3, companhia de infraestrutura de mercado financeiro.
Indicado pelo empresário Abílio Diniz para presidir a empresa, a BRF tem entre seus principais acionistas, os fundos de pensão Previ e Petros, e os fundos especulativos Tarpon e o Standard Life Aberdeen. Parente já esteve à frente da multinacional de alimentos Bunge com sede em White Plains, Nova York, EUA.