O prefeito de Florianópolis Gean Loureiro (PMDB), por meio de seu gabinete, anunciou que “estuda demitir servidores em greve”. Para o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal (Sintrasem), a ameaça não tem embasamento jurídico e é tentativa do prefeito de assustar o trabalhador.
De acordo com o chefe de gabinete de Gean, Bruno Oliveira, os mais de mil trabalhadores com contrato temporário que estão paralisados são os alvos principais das demissões. “Eles começaram a trabalhar em fevereiro e em abril já estão em greve. Pode ser configurado como abandono do trabalho”, disse, não dando a mínima para o direito greve.
O Sintrasem respondeu, inicialmente, por nota divulgada pela internet, que “a afirmação da Prefeitura não tem embasamento jurídico algum, servindo apenas para tentar desmobilizar o nosso movimento. É uma declaração plantada para tentar assustar o trabalhador”, diz a nota. De acordo com René Munaro, presidente do sindicato, “ninguém volta ao trabalho com servidor demitido. Ou isso é negociado ou terá mais uma pauta”.
A categoria iniciou a greve no dia 11 de abril tendo como reivindicação principal a retirada do “Projeto das OS’s”, que entrega o serviço público de creche e saúde à gestão privada de Organizações Sociais (OS). A categoria, que está em campanha salarial, reivindica também a reposição de perdas salariais e o cumprimento dos reajustes acordados para 2017 e 2018.
O “Projeto das OS’s” foi tramitado e votado sob caráter de “urgência urgentíssima” na Câmara de Vereadores no dia 21 de abril, durante protesto com mais de seis mil servidores. A PM e a Guarda Municipal (GMF) reprimiram a manifestação usando bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e seus cassetetes para que os vereadores pudessem aprovar a privatização sem se confrontar com a opinião pública. O prefeito sancionou o projeto no dia 26.
Quanto aos reajustes, a prefeitura firmou em 2014 um acordo que previa reajustes de 1% até 2019, mas foi quebrado em 2017 e 2018. Seu cumprimento, assim como reposições referentes a perdas salariais em anos anteriores, faz parte da pauta da greve.