
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pediu proteção policial para seus servidores, que passaram a ser coagidos depois que Jair Bolsonaro os ameaçou e se manifestou contra a liberação da aplicação das vacinas contra Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
Os ataques e ameaças nas redes sociais começaram depois que Jair Bolsonaro disse que queria divulgar o nome dos servidores da Anvisa.
“Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas”, falou.
Por conta dos ataques virtuais, a Agência enviou um documento para a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Diretoria-Geral da Polícia Federal, a Superintendência da PF no Distrito Federal, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e ao Ministério da Justiça solicitando, “com urgência”, “proteção policial aos citados agentes públicos e suas famílias a fim de salvaguardar a sua integridade física e psicológica diante da gravidade da situação enfrentada”.
O documento conta que os servidores começaram a ver, no sábado (18), “publicações nas mídias sociais na internet de ameaças, intimidações e ofensas por conta da referida decisão técnica da agência”.
“Esses fatos aumentaram a preocupação e o receio dos Diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias e geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento”, diz ainda o documento.
A Anvisa já havia pedido proteção para os servidores em novembro, quando começaram alguns ataques, agora agravados.
“O crescimento das ameaças faz com que novas investigações sejam necessárias para identificar os autores e apurar responsabilidades”, afirmou a Agência.
“Não é possível afastar neste momento que tais servidores sejam alvo de ações covardes e criminosas”, acrescentou.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse, na segunda-feira (20), que não vê problema em que os nomes dos servidores que participaram da decisão sejam divulgados. “Não há problema em se ter publicidade dos atos da administração. Acredito que isso é até um requisito da Constituição”.
Queiroga falou ainda que Jair Bolsonaro é um “grande líder” na vacinação no Brasil e que é “narrativa” associar suas falas às ameaças sofridas pelos servidores da Anvisa.
As ameaças aconteceram depois de Jair Bolsonaro ter divulgado, em falas e transmissões ao vivo, fake news sobre os imunizantes, falando que eles causam doenças como trombose e embolia.
Não há nenhum estudo que sustente as declarações de Bolsonaro, pelo contrário, os estudos mostram que os riscos de tomar vacina são muito baixos.