Para 26% dos brasileiros, a quantidade de comida em casa não foi suficiente para alimentar suas famílias nos últimos meses, mostra Datafolha
Desemprego elevado, precarização do trabalho, renda desabando e inflação que não para de subir fizeram explodir a fome no Brasil com Bolsonaro. Segundo pesquisa da Datafolha, divulgada nesta sexta-feira (24), a gravidade da situação é tanta que o percentual chega a 37% dos brasileiros que recebem até dois salários mínimos.
Para 89% dos entrevistados, independente do perfil econômico ou região onde mora, o número de pessoas que passam fome no Brasil aumentou na pandemia.
Diante da disparada nos preços do arroz, das carnes, do óleo de soja, do feijão e do gás de cozinha, que Bolsonaro prometeu entregar a R$ 35 na campanha eleitoral e já ultrapassa R$ 130 em várias localidade, dizia que não ia intervir e chamou de “idiota” quem queria comprar feijão no lugar de fuzil.
De acordo com o relatório “Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil”, publicado no começo do ano pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), 43,4 milhões de pessoas não tinham alimentos em quantidade suficiente e 19 milhões de brasileiros viviam na extrema pobreza, com fome, durante a pandemia.
Logo, imagens foram divulgadas na mídia de enormes filas formadas em açougue em Cuiabá para receber doação de ossos – a “fila dos ossinhos” – usados pelas mães nas sopas para alimentar os filhos durante três dias. Assim como, imagens de brasileiros buscando em caçambas de supermercados em São Paulo por restos de comida, ou buscando comida nos caminhões de lixo em Fortaleza, e ainda as cenas que chocaram do “caminhão de osso” no Rio de Janeiro, onde moradores retiravam o produto que seria descartado para animais.
Na triste realidade em que as pessoas estão tendo o seu poder de compra sendo consumido pela disparada da inflação, impulsionada por preços administrados pelo governo, como combustíveis e energia elétrica, 26% dos brasileiros afirmaram que a quantidade de comida em casa não foi suficiente para alimentar suas famílias nos últimos meses, apontou a pesquisa.
O Datafolha entrevistou 3.666 brasileiros, em 191 municípios, entre os dias de 13 a 16 de dezembro:
“Nos últimos meses, a quantidade de comida na sua casa para você e sua família foi”?
Respostas:
Até dois salários mínimos:
Mais do que o suficiente: 7%
O suficiente: 56%
Menos do que o suficiente: 37%
Mais de 2 a 5 salários mínimos:
Mais do que o suficiente: 12%
O suficiente: 71%
Menos do que o suficiente: 17%
Mais de 5 salários mínimos:
Mais do que o suficiente: 23%
O suficiente: 74%
Menos do que o suficiente: 3%
Mais de 10 salários mínimos:
Mais do que o suficiente: 27%
O suficiente: 68%
Menos do que o suficiente: 5%
A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.
O Datafolha também perguntou aos entrevistados se, neste período de pandemia, eles percebem que o número de pessoas que passam fome no Brasil aumentou, diminuiu ou ficou igual.
Para 89% a fome aumentou no Brasil;
Para 7% a fome que ficou igual;
Para 3% a fome diminuiu no país;
1% dos entrevistados responderam que não sabem.
De acordo com a sondagem ainda, o Nordeste é a região com mais pessoas que afirmaram que a quantidade de comida foi menos do que o suficiente (35%), seguida por Centro-Oeste/Norte (25%), depois o Sudeste (23%) e Sul (21%).
Entre os que estão desempregados, mas à procura de emprego, 45% afirmaram não ter comida suficiente. Já os que desistiram de encontrar uma ocupação, são 34%.
Entre as famílias que recebem o Auxílio Brasil – programa social que substituiu o Bolsa Família-, 39% afirmaram que a quantidade de comida foi menos do que o suficiente. Para as famílias que não recebem o benefício, a porcentagem bateu em 22%.